quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Imagens do Brasil - Marabá - Pará


Marabá é um município da microrregião de Marabá, na mesorregião do Sudeste Paraense, no estado do Pará, no Brasil. É o município sede da Região Metropolitana de Marabá.
O povoamento de origem europeia da região de Marabá principiou em fins do século XIX.
A emancipação municipal ocorreu em 1913, com seu desmembramento do município de Baião. O desenvolvimento do município, durante um grande período, foi dado pelo extrativismo vegetal, mas, com a descoberta da Província Mineral de Carajás, Marabá se desenvolveu muito rapidamente, tornando-se um município com forte vocação industrial, agrícola e comercial. Atualmente, Marabá é um grande entroncamento logístico, interligada por cinco rodovias ao território nacional, por via aérea, ferroviária e fluvial.

Etimologia
A etimologia da palavra "Marabá" é de um vocábulo indígena mayr-abá, que significa filho do estrangeiro com a índia ou ainda, fruto da índia com o branco. O tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro aponta, como origem do termo, o tupi antigo maraba, que designava "filho de francês com índia" ou "bastardo".
Somente em 1904, a subprefeitura do "Burgo do Itacaiúnas" étransferida para o povoado de Pontal, na época com 1 500 habitantes, com o nome de Marabá. É a primeira vez que esta denominação aparece em um documento oficial.

História
A história de Marabá compreende, tradicionalmente, o período desde a chegada dos comerciantes de drogas do sertão, e chefes políticos deslocados do norte da província de Goyaz, até os dias atuais. Embora o seu território seja habitado continuamente desde tempos pré-históricos por índios nômades, a região permaneceu praticamente intocada até o início da década de 1890, com raros contatos com europeus e bandeirantes, que desde o século XVI exploravam a região.

Economia
O município de Marabá vivenciou vários ciclos econômicos. Até o início da década de 1980 a economia era baseada no extrativismo vegetal. No início o extrativismo girava em torno do látex do caucho, cuja lucrativa exploração atraiu grande número de nordestinos. Desde o fim do século XIX (1892) até o final da década de 1940, o extrativismo foi marcado pelo ciclo da borracha que contribuiu sobremaneira para a economia do Município e da região, porém, a crise da borracha levou o município a um novo ciclo, desta vez, o ciclo da castanha-do-pará, que liderou por anos a economia municipal. Houve também o ciclo dos diamantes, nas décadas de 1920 e 1940, que eram principalmente encontrados às margens do rio Tocantins. Com o despontamento da Serra Pelada e por situar-se na maior província mineral do mundo, Marabá também viveu o ciclo dos garimpos, que teve como destaque maior, a extração do ouro.
Desde o início da década de 1970 o município passou a vivenciar a instalação do Projeto Grande Carajás, e posteriormente de indústrias sídero-metalúrgicas, que dinamizaram bastante a economia local.

Agricultura, pecuária e extrativismo
Hoje, Marabá é o centro econômico e administrativo da região conhecida como "fronteira agrícola Amazônica" - maior produtora de commodities agrícolas da amazônia brasileira.
A pecuária com base na criação de gado bovino, é uma atividade de grande importância para o município. O rebanho local é destaque pela sua qualidade.
Possui também rebanhos de suínos, equinos e ovinos, além de grande criação de aves para corte. O setor pesqueiro também tem um relativo papel na base econômica local, exportando seu excedente para todo o norte e nordeste brasileiro. A agricultura do município é diversificada, tendo produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, como a castanha-do-brasil, milho, arroz e feijão, de frutas, como a banana, mamãoe o cajá.

Indústria
Através da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Pará (CDI), foi instalado no final da década de 1980, numa área de 1.300 hectares, o Distrito Industrial de Marabá (DIM), para criar a base de um polo sídero-metalúrgico para o beneficiamento e semibeneficiamento do minério de ferro extraído da Serra dos Carajás, atualmente sob concessão da Vale S.A.
O parque industrial do município tinha como principal dínamo o setor sídero-metalúrgico (beneficiamento e semibeneficiamento de ferro-gusa e aço), havendo também destaque às indústrias madeireira, moveleira e de utensílios cerâmicos. A economia industrial do município também conta com a mineração de cobre e manganês, e com a agroindústria. Em Marabá, a agroindústria trabalha com processamento de polpas, beneficiamento de arroz, leite e palmito.

Educação
Marabá conta com escolas em praticamente todas as regiões do município. No que tange à educação profissional e superior, o município conta com duas universidades públicas, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e a Universidade do Estado do Pará, e com o Instituto Federal do Pará, e ainda com mais cinco faculdades privadas. Há, ainda, vários centros de formação técnica como a Obra Kolping do Brasil e o SENAI.

Cultura e lazer
Turismo
Uma das principais fontes de renda da cidade é o turismo. O município possui várias atrações turísticas, com destaque aos seus grandes rios que além das praias oferece a pesca esportiva e a prática de esportes aquáticos. Destacam-se como atrações turísticas em Marabá: Praia do Tucunaré; Parque Zoobotânico de Marabá; Praia do Geladinho; Igreja de São Félix de Valois; Palacete Augusto Dias; Fundação Casa da Cultura e Museu Histórico-Antropológico.

Cultura e costumes
Culinária
A culinária marabaense se distingue um pouco da culinária paraense, mas tem muitos elementos desta, principalmente pelo fato de que todo o estado tem influência indígena neste ponto. Porém, em Marabá, alguns pratos relevam-se em relação ao resto do Pará, tanto por fator cultural quanto por fator étnico. Um exemplo disso é que o povoamento teve participação ativa de nordestinos, mineiros, goianos, palestinos e libaneses, que trouxeram para Marabá seus costumes e seus tipos de comida. São as principais iguarias da
culinária local e as que se integraram aos costumes: Marizabel, Suco natural de Guaraná da Amazônia, Tucunaré ao leite de Castanha do Pará, Cozidão de Bagre, Pão de queijo, Tacacá, Esfirra, Arroz-doce e Cuscuz. Há ainda muitos doces típicos: Bolo cabeça de negro, biscoitos de castanhas, castanha cristalizada, creme de cupu, Mungunzá e torta de castanha.

Música e literatura
Devido à intensa migração ter trazido brasileiros de todas as partes para o município, a cultura local diferenciou-se da cultura tradicional paraense, inclusive na música. É possível observar a preferência pelos gêneros sertanejo, forró e reggae, distanciando-se um pouco do brega que é estilo musical predominante no Pará. A influência de outras culturas se deu
também no campo da literatura. As misturas decorrentes das migrações têm ocasionado a produção de uma literatura e de uma arte diferente e de qualidade.

Festas populares
Destacam-se as Festas juninas e os Festejo de São Félix de Valois (o Padroeiro de Marabá).

Eventos
A cidade de Marabá sedia inúmeros eventos de relativa repercussão, tais como: Ficam – Feira da Indústria, Comércio e Arte de Marabá; Feirarte – Feira de Arte e Artesanato de Marabá; Expoama.

Fonte do texto: Wikipedia

7 dicas podem ajudar seu filho a ter mais sucesso na vida adulta

Todo profissional adulto de sucesso já foi criança, e, segundo uma pesquisa feita originalmente pela Universidade Johns Hopkings que agora é dirigida pela Universidade de Vanderbilt, crianças que são bem orientadas em relação às suas capacidades e habilidades inatas têm uma chance maior de se tornarem um adulto de sucesso. 
Para a pesquisa, que acontece há mais de 50 anos, cientistas acompanharam mais de 5 mil crianças durante quatro décadas, para entender o que pode tornar uma criança, um adulto de sucesso.
A pesquisa sugere que habilidades inatas e talentos próprios, se desenvolvidos, têm muito mais influência no sucesso da vida adulta, do que outros fatores externos, como status socioeconômico.  
"As crianças que estão entre o top 1% da pesquisa, entre as mais inteligentes, tendem a se tornar nossos cientistas e acadêmicos, CEOs da lista da Forbes, juízes, senadores e bilionários", afirma Jonathan Wai, psicólogo da Universidade de Duke e co-diretor do estudo.
Entre as crianças que foram da categoria 1% e passaram pela análise dessa pesquisa estão Mark Zuckerberg, do Facebook, o co-fundador do Google, Sergey Brin e Lady Gaga. Essa faixa de crianças foram identificadas como "superdotadas". 
No entanto, o co-diretor do estudo adverte que não é saudável ficar incentivando as crianças a estudarem em excesso para se tornarem gênios. Essa atitude dos pais ou de outros responsáveis pode "levar a todos os tipos de problemas sociais e emocionais", diz Camilla Benbow, diretora de educação e desenvolvimento humano da Universidade Vanderbilt.
Dessa maneira, o estudo propõe algumas dicas que podem influenciar no desenvolvimento das crianças a fim de aumentar as chances de terem sucesso na vida mais tarde. Confira:
1. Exponha a criança em experiências diversas;
2. Quando a criança demonstrar fortes interesses ou talentos por qualquer área, ofereça oportunidades para desenvolvê-los;
3. Apoie as necessidades intelectuais e emocionais;
4. Ajude as crianças a desenvolver uma "mentalidade de crescimento" dando crédito pelo esforço nas atividades;
5. Incentive a crianças a assumir riscos intelectuais e a estar preparada para errar e aprender com a falha;
6. Cuidado com os rótulos: ser identificado como superdotado pode ser um fardo emocional; 
7. Trabalhe com os professores para atender às necessidades do seu filho.

Fonte: InfoMoney

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Curiosidades sobre a caneta esferográfica

Caneta esferográfica é um tipo de caneta cuja tinta umedece uma esfera rolante que desliza sobre a superfície, disponível em varias cores.
Na evolução da caneta, o uso de uma esfera na ponta possibilitou a distribuição constante e uniforme de tinta, e popularizou o uso deste instrumento de escrita ao mesmo tempo em que substituía com vantagem a caneta-tinteiro.
Com a invenção da caneta as pessoas passaram a escrever cartas, postais e livros. Hoje em dia a caneta esferográfica é usada universalmente para escrever apontamentos e fazer testes.
Propaganda comercial numa revista argentina de 1945, promovendo a primeira Birome.
O conceito de uma caneta esferográfica remonta à patente registada por John J. Loud em 30 de Outubro de 1888. Tratava-se de um produto destinado a marcar couros e não foi explorado comercialmente.
Posteriormente, o jornalista húngaro e naturalizado argentino László Bíró inventou a primeira caneta esferográfica, na década de 1930. Ele havia percebido que o tipo de tinta utilizado na impressão de jornais secava rapidamente, deixando o papel seco e livre de borrões. Imaginou então criar uma caneta utilizando o mesmo tipo de tinta. Entretanto, a tinta, espessa, não fluía de maneira regular. A inovação era prática: enquanto a caneta corria pelo documento, a esfera girava no interior do bico, recolhendo a tinta do cartucho e depositando-a sobre o papel; complementarmente, vedava o reservatório, impedido que a tinta secasse (provocando entupimento da caneta) ou vazasse. László Biró e seu irmão Georg (um químico), entraram com um pedido de patente da sua caneta esferográfica em seu país natal, a Hungria, na França e na Suíça em 1938.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, para fugir às perseguições nazistas no seu país, László e Georg tiveram que deixar a Hungria e receberam a patente em Paris. Tendo László encontrado, ainda em 1938, um argentino na Iugoslávia, e tendo este ficado impressionado com a invenção, convidou-o a radicar-se naquele país sul-americano. Quando instalado, o estranho apresentou-se como Agustín Pedro Justo, Presidente da Argentina. Recém-chegados ao país com a ajuda de um amigo chamado Meyne, os irmãos fundaram a companhia "Biró y Meyne" em 10 de junho de 1940, requerendo uma patente argentina em 10 de junho de 1943.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico adquiriu os direitos de licenciamento desta patente dentro do chamado "esforço de guerra". A Royal Air Force necessitava de um novo tipo de caneta, que não permitisse o escapamento de tinta em altitudes, nos aviões de caça, como as canetas-tinteiro (tinta-permanente). O bom desempenho das novas canetas para a RAF trouxe sucesso ao inventor e ao seu produto.
Em 1944 László Biró vendeu a patente do seu invento ao norte-americano Eversharp-Faber pela quantia de dois milhões de dólares, e, na Europa, ao francês Marcel Bich.
Nos Estados Unidos, a primeira caneta esferográfica a ser produzida comercialmente, que substituiria a caneta-tinteiro com sucesso, foi apresentada por Milton Reynolds, em 1945. Também se baseava em uma pequena esfera que liberava uma tinta pesada e gelatinosa sobre o papel. As canetas Reynolds foram divulgadas à época como "a primeira caneta que escreve debaixo de água", tendo sido vendidas dez mil unidades quando de seu lançamento. A marca era impressionante, uma vez que cada unidade custava cerca de 10 dólares, custo devido principalmente à nova tecnologia.
Na Europa, as primeiras canetas esferográficas acessíveis foram produzidas em 1945, por Marcel Bich, cujo mérito foi o do desenvolvimento de um processo industrial de fabricação que reduzia significativamente o custo das canetas por unidade. Em 1949, essas canetas foram lançadas comercialmente sob o nome "Bic", uma abreviação do seu sobrenome, e que era fácil de lembrar pelo público. Dez anos mais tarde, as primeiras canetas "Bic" eram lançadas no mercado norte-americano.

A princípio os consumidores norte-americanos relutaram em comprar uma caneta "Bic", já outras modelos de canetas esferográficas haviam sido lançadas sem sucesso no mercado dos EUA por outros fabricantes. Para vencer essa relutância do público, a "Bic" veiculou uma campanha em rede nacional de televisão para informar que a caneta esferográfica "escreve logo de cara, sempre!" e que seu preço era de apenas 0,299 dólares. A "Bic" também veiculou anúncios televisivos que mostravam as suas canetas sendo disparadas de espingardas, amarradas a patins de gelo e até montadas sobre britadeiras. Após um ano, a concorrência forçou a queda dos preços para 0,10 dólares por unidade. Atualmente a empresa fabrica milhões de canetas esferográficas por dia, atendendo todo o planeta. As canetas são feitas de plástico ou de metal. A pequena esfera é feita de latão.

4 iniciativas que você deve tomar para encontrar a sua oportunidade

Existe muita oportunidade no mundo quando você está disposto a trabalhar.

Não olhe para uma indústria, olhar para a oportunidade. Oportunidade é um conjunto de
circunstâncias que faz com que seja possível fazer alguma coisa. A classe média procura tarefas para resolver seus problemas. Você precisa de um emprego, mas você também precisa de uma oportunidade. Estudantes seniores do MIT e Harvard dos dias de hoje,  não sabem o que significa oportunidade, eles vão apenas estar à procura de um emprego no próximo verão. A verdade é que uma oportunidade vai resolver seus problemas. Aqui estão quatro dicas atuais para encontrar a sua oportunidade:
1. Procure a oportunidade
Antes que você possa ver uma oportunidade, você tem que estar à procura da oportunidade. Isso parece básico, muitas pessoas desistiram de procurar por oportunidades. Aqui vale o ditado, “Você não vê uma oportunidade bater à sua porta”, admita. A oportunidade pode estar exatamente onde você está, mas você está cego para ela.
2. Esteja disposto para ler e pesquisar
Dizem que o conhecimento é poder, e é verdade. Você não vai encontrar oportunidade sem conhecimento
De tudo que você sempre quer, você está apenas a uma pequena quantidade de conhecimento para obter. A única coisa entre você e uma enorme riqueza é o conhecimento certo. Eu experimentei todos os atrasos e as armadilhas que impedem as pessoas da classe média, mas eu era capaz de afastar as dificuldades para me tornar rico, e eu posso ensiná-lo a fazer o mesmo por causa do conhecimento que eu obtive.
3. Você tem que buscar a oportunidade
Você tem que sair de onde você está confortável. Ficar com mamãe e papai passando da idade de 25 anos não vai funcionar, desculpe. Oportunidade pode significar mover-se para fora do estado ou mesmo em todo o país. Talvez, apenas talvez, você precise de um novo passaporte para a sua oportunidade. O ponto é, a oportunidade pode não estar onde você está porque você pode ser um peixe grande em um pequeno lago.
4. Faça contatos
Tudo o que você quer, outra pessoa tem. Contatos são iguais a contratos. Quão grande é a sua base de poder? Quão grande é o seu canal de comunicação? Quanto mais pessoas você conhece, mais oportunidades irão aparecer no seu caminho. Há uma razão pela qual os negociadores em rede, bem-sucedidos, fazem um monte de dinheiro - eles fazem prospecção.
Sua próxima oportunidade poderia estar em alguém que você nem conhece ainda. Você precisa sair e encontrá-los.
Então, qual é a oportunidade que você precisa?
Cada um destes quatro fundamentos - a procura de oportunidade, leitura e pesquisa, correr atrás da oportunidade, ou criar uma rede de contatos – isso só requer esforço da sua parte. Eu tenho algumas palavras que se relacionam com isto:
- Todo mundo quer ter um pacote de coisas, mas não quer gastar tempo para consegui-lo.
- Todo mundo quer ser o chefe, mas não vai sair por conta própria.
- Todo mundo quer ser um milionário, mas não quer investir US $ 1000.
Vou acrescentar a isto, “Todo mundo quer uma oportunidade, mas não .....”

Qual é a sua desculpa?

domingo, 26 de novembro de 2017

Para que serve esse bolsinho do jeans?

1873 foi um ano irrelevante para a história (a não ser que você ache realmente incrível o fato de que tanto as cidades de Budapeste, na Hungria, quanto Itambacuri, em Minas Gerais, foram criadas nessa data). É provável que o evento mais importante daquele período tenha rolado na Califórnia. Ali, em pleno Velho Oeste, o alemão Levi Strauss inventava uma veste um pouco mais resistente que as outras. Surgia, pelas mãos do imigrante, a calça jeans. Pode até parecer sem importância, mas é só por isso que você tem aquele maldito bolsinho sobre sua perna direita. Que, SPOILER, não serve pra mais nada – mas já serviu.

A Califórnia do final do século 19 era um dos principais palcos da corrida do ouro. Pessoas do mundo todo iam até a região na esperança de encontrar uma pepita para chamar de sua. A área era, basicamente, dominada por cowboys, e foi por isso que a invenção de Strauss deu tão certo. Até então, a maioria das vestes era feita com um algodão leve, material que hoje pode render umas roupas bonitas pra você passear no shopping, mas não aguentava o tranco de cavalgar por horas a fio em regiões não exatamente confortáveis. E aí, quando finalmente encontravam uma pedra que poderia parecer ouro, a calça do felizardo corria altas chances de ceder ao peso e arestas pontudas do material. Na prática, elas quase sempre rasgavam. O jeans conseguia evitar esses imprevistos. É justamente para colocar ouro e outros objetos pesados que foram criados os bolsos grandes que você provavelmente usa hoje para guardar seu celular.

Os bolsos pequenininhos, no entanto, tinham uma função muito mais pontual. Como os cowboys da época passavam muito tempo em cima do cavalo, eles precisavam de mais do que o Sol para saber o horário. Quase todos possuíam um pequeno relógio para conseguirem ter noção do total de horas que passavam buscando ouro. Só que, com as cavalgadas, os bolsões não davam conta do recado. Os pulos do cavalo faziam com que os relógios caíssem no chão, quebrassem, ou se perdessem. Como o relógio de pulso só se popularizaria cerca de 20 anos depois,  a ideia do compartimento menor, apertadinho para que nada escapasse sem querer, era justamente ser o bolso do, bem, relógio de bolso.

Mas e hoje? A Levi’s, que continua sendo a principal fabricante de calças jeans do planeta, jura que o objeto serve pra mais do que simplesmente enfeite. “O bolso vem servindo para várias funções evidentes em seus vários títulos: bolso de camisinha, bolso de moedas, bolso de fósforo, bolso para bilhetes, por exemplo”, diz um texto no site da marca — que logo se rende e admite o fator estético: “O bolso também é muito querido pelos amantes do jeans, pela natureza desbotada e desgastada que assume ao longo do tempo”.

Bonito ou útil, o bolso está lá para você encher como quiser: com relógios, camisinhas, ou, torcemos, com ouro.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Estudo identifica efeito de cada tipo de bebida alcoólica

Destilados tendem a fazer as pessoas se sentirem agressivas ou emotivas, enquanto vinho tinto e cerveja relaxam, aponta pesquisa com mais de 30 mil pessoas em 21 países.
Uma pesquisa feita em 21 países, entre eles o Brasil, indica que os efeitos do álcool no comportamento variam de acordo com o tipo de bebida consumida.
Dos 30 mil entrevistados para o estudo, 29,8% disseram que se sentem agressivos quando bebem destilados e 7,1%, quando bebem vinho tinto.
Cerveja e vinho normalmente relaxam. Já os destilados podem fazer a pessoa se sentir mais agressiva, sexy ou emotiva.
Para esse estudo, divulgado na publicação acadêmica de medicina BMJ Open, foram entrevistados cerca de 30 mil indivíduos com idade entre 18 e 34 anos.
Os resultados indicam ainda que a probabilidade de apresentar comportamento agressivo é maior entre os que potencialmente podem apresentar dependência do álcool, por consumirem uma grande quantidade com frequência.
As evidências identificadas pelo estudo podem, segundo os pesquisadores, ajudar a entender melhor o alcoolismo e o que motiva as pessoas a beberem.
Com o tempo, as pessoas adquirem tolerância ao álcool e podem acabar bebendo mais para sentir os mesmos "efeitos positivos", avaliam os cientistas. Mas o aumento no consumo também atrai os efeitos negativos, explica o professor e pesquisador britânico Mark Bellis.
As entrevistas para o estudo foram feitas por meio de formulários online que garantiam o anonimato dos participantes, recrutados em sites de notícias e nas redes sociais.
Se comparado a outros tipos de bebidas, o consumo de destilados - como tequila, rum e gim, por exemplo - está mais associado a comportamentos agressivos, mal-estar, inquietação e choro.
A pesquisa também indica que:
- Vinho tinto faz as pessoas se sentirem mais letárgicas que vinho branco;
- Beber cerveja e vinho tinto relaxa mais;
- Mais de 40% dos entrevistados disseram que beber destilados os fazem se sentir sexy;
- Mais da metade dos que bebem destilados se sentem energéticos e confiantes, mas um terço se percebe agressivo quando consome esse tipo de bebida;
- Homens são mais propensos que mulheres a apresentarem comportamento agressivo com todos os tipos de álcool, em especial os que bebem mais.
Sentimentos provocados pelo consumo do mesmo tipo de bebida também variam entre países
As diferenças nas emoções também variam a depender do país do entrevistado.
Participantes da Colômbia e do Brasil relataram uma maior associação com as emoções positivas de sentir-se com mais energia, relaxado e sexy, por exemplo.
Entre as emoções negativas, a Noruega apresentou índices maiores ligando consumo de álcool e relatos de agressividade. A França, por sua vez, foi o país com mais reportes de inquietude.
Os pesquisadores salientam, porém, que é necessário cautela para interpretar esses resultados, devido à pequena amostra para cada país.
Apesar de o estudo indicar associações entre cada tipo de bebida e mudanças no comportamento, não apresenta uma explicação sobre o porquê das alterações.
Bellis afirma que o local onde a bebida é consumida também pode fazer diferença, e que a pesquisa tentou levar em consideração se a ingestão de álcool acontece dentro ou fora de casa.
"Jovens muitas vezes bebem destilados em uma noitada, enquanto o vinho é mais consumido em casa, com uma refeição", observa.
Ele diz ainda que há o fator "expectativa". "Alguém que quer relaxar vai escolher uma cerveja ou um vinho."
A pesquisa indica que homens são mais propensos que mulheres a apresentarem comportamento agressivo com todos os tipos de álcool
O professor acredita ainda que as diferentes formas que bebidas são comercializadas ou promovidas encorajam as pessoas a escolher um determinado tipo delas na expectativa de se comportar de uma certa forma ou de sentir algo específico. Isso, segundo ele, pode desencadear sentimentos e comportamentos negativos.
"As pessoas podem beber para se sentirem mais confiantes ou relaxadas. Mas também acabam se arriscando a ter reações ruins."
Segundo os pesquisadores da universidade britânica King's College London, os resultados do levantamento indicam que os dependentes do álcool confiam à substância a função de gerar sentimentos positivos: têm cinco vezes mais chances de se sentirem com mais energia em relação às que bebem com menos frequência.
"O estudo mostra a importância de entender por que as pessoas escolhem beber certos tipos de bebidas e o efeito que esperam ter ao consumi-las", diz John Larse, da Drinkaware, entidade sem fins lucrativos que alerta para os riscos e atua para reduzir o consumo de álcool no Reino Unido.
No país, a recomendação é ingerir menos de 14 unidades por semana para manter os riscos à saúde em um nível mais baixo. Isso equivale a 12 doses de destilados, seis pints (473 ml) de cerveja ou seis taças de 175ml de vinho a cada sete dias.
Especialistas defendem a adoção de políticas como a que estabelece um preço mínimo para cada grau de álcool. Isso significa que bebidas com teor etílico mais alto, como uísque, ficariam ainda mais caras - o que em tese ajudaria a combater o alcoolismo.
A Escócia irá a adotar um preço mínimo, estipulado em 50 centavos de libra (cerca de R$ 2,18) por unidade padrão, que mensura o volume de álcool puro em cada bebida. O País de Gales e a Irlanda também discutem legislação específica para estipular regra semelhante.
Entrevistados de 21 países disseram que cerveja e vinho relaxam mais que outras bebidas
No Brasil, o governo federal estabeleceu um novo modelo de tributação para vinhos, espumantes, uísques, vodcas, cachaças, licores, sidras, aguardentes, gim, vermutes e outros destilados, aplicado desde dezembro de 2015. O principal objetivo da medida, contudo, era aumentar a arrecadação.
O mais recente estudo da OMS sobre a ingestão de álcool no país, publicado em 2014, detectou uma queda no consumo per capita entre os anos de 2003 e 2010 (de 9,8 para 8,7 litros). Mas o volume está acima da média mundial, de 6,5 litros per capita, e mais do que dobrou desde 1985, quando o índice era inferior a quatro litros.
A OMS coloca o Brasil no 53º lugar em um ranking de 191 países - liderado por nações do Leste Europeu, sendo Belarus e Moldova os dois primeiros colocados.
Já o último Levantamento Nacional de Álcool de Drogas da Universidade Federal de São Paulo, baseado em pesquisas em 143 municípios de todo o país, também divulgado pela última vez em 2014, mostrou que quase quatro em cada 10 brasileiros bebem pelo menos cinco doses de bebida em uma mesma ocasião, em um intervalo de duas horas.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2013 foram contabilizadas mais de 313 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) decorrentes do alcoolismo. São gastos, em média, cerca de R$ 60 milhões por ano com pessoas dependentes do álcool.

Fonte: BBC.com

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Você quer pensar grande?

Mchael Hyatt é um escritor americano que publica livros e artigos sobre liderança, busca de novas oportunidades, desenvolvimento de relacionamentos e muitos outros assuntos de interesse de empresários e de líderes em diferentes campos de atuação.
Recentemente publicou artigo com o título "Como se tornar um grande pensador". No artigo ele apresenta 7 passos que qualquer um pode seguir para desenvolver esta habilidade.
É interessante saber o quê realmente está por trás do desenvolvimento desta rotina para o sucesso em diversas áreas de atuação.
Michael menciona que já ouviu inúmeras pessoas que lutam com isso. Ele lembra que desde jovens ouvimos pais e professores nos dizerem que podemos fazer qualquer coisa. Que podemos nos tornar o que quisermos! Então nós crescemos e nos tornamos mais velhos, e essas mesmas pessoas nos dizem que devemos tornar-nos mais realistas. Ele afirma que "Normalmente, isso é apenas o código para o pensamento pequeno".
"Pensar grande não é um dom, mas uma habilidade que qualquer pessoa pode desenvolver. Ela começa com a compreensão do processo e, em seguida, praticando-a de forma consistente", diz Michael.
Como orientação para aqueles que desejam pensar grande, Michael oferece sete passos que ele considera indispensáveis para o sucesso nesta empreitada:
1. Imagine todas as possibilidades. Dê-se permissão para sonhar. Faça isto quando estiver escrevendo, ou concebendo um projeto. Se vai escrever um livro, imagine o que aconteceria quando você se tornar um autor best-seller. Se vai desenvolver um projeto, imagine os resultados que poderá alcançar e os benefícios que ele poderá trazer para a sociedade.
2. Anote o seu sonho. Este é o ato que transforma um sonho em um objetivo. As coisas surpreendentes acontecem quando você imagina algo para fazer. Registrar sempre de acordo com os seus objetivos força você a deixar claro o que você quer, o motiva a agir, o ajuda a superar a resistência, e dá-lhe uma maneira de medir objetivamente o seu sucesso. 
3. Conecte-se com o que está em jogo. Esta é a sua razão de ser. Infelizmente, é um passo crucial que as pessoas costumam não levar em conta. Antes que você possa encontrar o seu caminho, você deve descobrir como fazê-lo. Porque esta meta é importante para você? O que vai conseguir tornando isto possível? O que está em jogo se não o fizer? O que você vai perder? Sua lógica fornece a energia intelectual e emocional para continuar quando o caminho se torna difícil (e por aí vai).
4. Delineie o que teria de ser verdade. Antes de simplesmente se colocar onde você está, para começar, e para onde você quer ir, é importante perguntar o que teria que ser verdade para o seu sonho se tornar uma realidade. Por exemplo, quando você define a meta de atingir a lista dos mais autores vendidos, ou mais lidos, você perceberá que terá que escrever um livro convincente, tornar-se seu porta-voz-chefe, começar a exposição na grande mídia, e assim por diante. "Todos devemos começar com um sonho e trabalhar sobre ele. Devemos fazer o mesmo para qualquer objetivo", ressalta Michael.
5. Decida o que você pode fazer para afetar o resultado. É por este caminho que você deve caminhar, partindo de grandes ações diárias. Estas são as que, não observadas adequadamente, causam o grande desvio dos objetivos. Isto porque, não as considerando, você não pode ver todos os passos que irão levá-lo ao seu objetivo. Então, ao invés de fazer algo, você faz nada. Desta forma, você nunca vai ver o caminho completo. O importante é fazer a próxima coisa certa. O que você pode fazer hoje para conduzi-lo para o seu sonho?
6. Determine quando isso vai acontecer. Alguém disse uma vez que um objetivo é simplesmente um sonho com um prazo. Um prazo é uma maneira de tornar o sonho mais concreto, que é exatamente como pensar grande sobre ele. Um prazo também cria um senso de urgência que irá motivá-lo a agir. Force-se a atribuir um "até quando" para cada meta. (Se você ficar parado, pergunte a si mesmo, o que de pior pode acontecer se eu não acertar isso?)
7. Reveja suas metas diariamente. Os objetivos devem ser revistos diariamente. Pense firmemente sobre eles. A cada dia, determine o que precisa fazer para torná-los realidade. 
“Pensar grande não é um dom, mas uma habilidade, que qualquer um pode desenvolver com a prática.” diz Michael. Ele ainda recomenda que "você não deve dar ouvidos a essa voz pequena zombando de você e que lhe diz para ser mais realista. Ignore isto.Você pode aceitar a realidade como ela é, ou criá-la como você deseja que ela seja. Esta é a essência de sonhar e pensar grande."

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Faz silêncio, por favor

Em um mundo que não para de falar, o silêncio realmente vale ouro - e tem sido mais difícil de explorar do que diamante. Mas é possível, sim, achar a quietude na nossa vida. Descubra como. 
Não é curioso (e até paradoxal) que tenhamos usado mais de 2 mil palavras justamente para escrever uma reportagem sobre silêncio? Pois é, por mais estranho que pareça, o silêncio se tornou um assunto caro e nada simples nesses dias atuais. Tem sido cada vez mais difícil buscar momentos de quietude justamente em um mundo que não para de falar e que tem falado cada vez mais. Opa, não sou eu que estou dizendo: segundo um estudo feito no Centro da Indústria de Informação Global, na Universidade da Califórnia, foram trocadas 4,5 trilhões de palavras nos Estados Unidos no ano de 1980. Em 2008, esse número cresceu 140% - os computadores do Centro estimaram que os americanos usaram 10,8 trilhões de palavras no ano do último levantamento. "Nós certamente recebemos mais informações do que podemos absorver ou realmente ouvir", afirma o diretor Roger Bohn. "É curioso pensar que as novas gerações que já estão sendo criadas com seus smartphones nas mãos nunca tenham, de fato, vivenciado o silêncio pleno", diz. 
Aliás, é difícil lembrar a última vez que nós mesmos vivenciamos essa plena quietude. Se você teve um final de ano tão corrido quanto o meu, sabe do que estou falando. "O silêncio está em extinção". Vinda de qualquer pessoa, a frase poderia soar simplesmente como uma queixa rabugenta. Vinda de Gordon Hempton, no entanto, ela tem muito a nos dizer. Quando ainda era universitário, aos 27 anos, ele fazia uma viagem de Seattle a Washington, nos Estados Unidos, quando resolveu parar na estrada para descansar um pouco. Desceu do carro, caminhou até uma área verde e deitou na grama. Foi então que ouviu o ruído do que deveria ser um grilo. "Essa foi a primeira vez que eu realmente o escutei", diz ele. A partir de então, Hempton se tornou um ecologista acústico e, nos últimos 30 anos, deu a volta ao mundo três vezes para buscar os mais variados sons da natureza - aqueles que só surgem no mais intocado e profundo silêncio. Muito mais do que centenas de gravações raríssimas (muitas delas disponíveis no iTunes), a experiência o ajudou a encontrar o lugar mais silencioso dos Estados Unidos, uma área de "uma polegada quadrada" (ou cerca de seis cm2) localizada em uma zona de floresta no Parque Nacional Olímpico, no Estado de Washington. Segundo ele, um dos pouquíssimos lugares do país (e do mundo) isolado de ruídos causados pelo homem. 
Uma polegada quadrada de silêncio não é apenas simbólica. Nós deliberadamente fomos eliminando qualquer medida de silêncio das nossas vidas. "A modernidade é necessariamente barulhenta", ele diz. Trocamos os motores dos carros pelas turbinas do avião, a toalha pelo secador de cabelo, a vassoura pelo aspirador. Nada está se tornando mais silencioso. Até em lugares sagrados ou introspectivos, o silêncio se tornou opressivo em vez de valioso. Algo está mudando nos níveis físicos e sociais no que se refere aos ruídos do mundo. "E também em níveis culturais", afirma Sara Maitland, autora do Livro do Silêncio. "As pessoas estão mais instadas a "falar sobre isso", diz Sara, que passou anos pesquisando a nossa relação com o silêncio. Expor-se sobre tudo se tornou uma virtude, acredita. "Precisamos dar voz aos oprimidos, os homens precisam falar sobre suas emoções, as mulheres, articular sobre seus descontentamentos", pondera Sara. Em uma era em que toda opinião é válida, todo mundo quer dar sua opinião: seja nas reuniões das empresas, nas mesas de restaurantes ou, mais recentemente e sem censuras, nas redes sociais. 

Grito de liberdade
É o momento histórico em que vivemos, enlouquecido com a tecnologia - e, principalmente, com a possibilidade verborrágica dela. Empregamos a maior parte de nossas horas de vigília mandando mensagens de texto, enviando e-mails, tuitando e digitando em todos os tipos de telas que nossos dedos encontrarem pela frente. Nesse mar de informações, não queremos estar à deriva. É preciso ficar atento a qualquer ruído que nosso celular faça, em uma necessidade de nos sentirmos conectados às pessoas e ao mundo. Isso gerou uma dependência que simplesmente não conseguimos silenciar. "Hoje, é difícil terminar uma refeição com amigos sem que alguém recorra ao respectivo iPhone para se lembrar de algum fato cuja rememoração costumava ser de responsabilidade direta do cérebro", afirma o escritor e ensaísta americano Jonathan Frazen. Se a tecnologia pode ter um benefício claro de terceirizar muitas das tarefas relegadas ao cérebro, como armazenar números de telefones, informações e compromissos, como em um HD externo da mente, ela de fato não liberou esse "espaço vago" para nos permitir mais quietude. "Só ajudou a aumentar a nossa ansiedade, o pior efeito colateral desse mundo barulhento", escreve ele. 
"Dizem-nos até que, para continuarmos economicamente competitivos, precisamos deixar de lado o ensino das humanidades e incutir em nossos filhos a "paixão" pela tecnologia digital, preparando-os para passar o resto da vida numa reeducação permanente, que lhes permita acompanhar as novidades", pondera o escritor. Muitos pais têm levado isso a sério, criando agendas abarrotadas para seus filhos desde muito novos, que perpassam aulas de mandarim e até de informática, tudo em nome de um futuro profissional brilhante. As crianças têm tantos compromissos que lhes falta tempo para, simplesmente, brincar. E essa falta de tempo para o ócio é algo que vai sendo ensinado aos filhos, que, como bem disse o professor Roger Bohn no começo desse texto, desconhecem o valor do silêncio. Preocupado com esse novo ritmo da infância, que imprimia também à vida de seus próprios filhos, o jornalista britânico Carl Honoré escreveu um livro (intitulado Sob Pressão) contra a ideia dos superpais, que ajudou a dar força para um movimento que ficou conhecido como slow parenting, ou como educar sem pressa. O intuito é pregar a desaceleração da rotina das crianças, com menos compromissos e mais tempo para fazer nada, simplesmente para que possam ficar quietas e até mesmo entediadas. "Os pais que seguem esse movimento buscam oferecer tempo e espaço para que seus filhos explorem o mundo do seu próprio jeito, em seus próprios ritmos", afirma o autor. 
Da infância à vida adulta, a reeducação do tempo e da quietude tem se tornado algo cada vez mais urgente, inclusive (e curiosamente) nos meios corporativos. Grandes empresas, como Nike e General Mills, têm incentivado seus funcionários a ficarem sentados sem fazer nada e até lhes oferecem cursos para ensiná-los como fazer isso. Consultores têm sido contratados para ensinar técnicas de como fazer pausas antes de encarar tarefas mais complexas (como enfrentar reuniões ou até responder a alguns e-mails) até mentalizar votos de felicidade a colegas de trabalho com os quais a relação não é tão boa. "As pessoas têm muita dificuldade em parar, em ficar em silêncio. A nossa sociedade criou uma imagem de que o silêncio é improdutivo, enquanto temos percebido justamente o contrário", afirma o empreendedor francês Loïc Le Meur, que criou um programa para quem quer aprender a se desligar. Trata-se de um aplicativo que, baixado pelo celular, reúne dez passos para você aprender a encontrar a pausa no seu cotidiano. Batizado de Get Some Headspace, ele se propõe a ajudá-lo a silenciar e a ter mais momentos de pausas no dia. Testei o aplicativo para essa matéria e, apesar dele ter dicas interessantes, confesso que não passei do segundo passo. O celular apita, vibra, toca, o que me fez perder todo o foco e me gerar mais ansiedade pela coisa toda não funcionar como deveria - por mais que fosse por culpa minha. Outro aplicativo que promete ajudar na pausa diária é o gps4Soul, que também baixei e parece funcionar melhor. Ele apenas mede, pelo flash da câmera, seus batimentos cardíacos e diz como está seu ritmo. Se não por outro motivo, ele me fez parar entre um texto e outro, me deixando em silêncio por pouco mais de um minuto. O que, por si só, já é um ganho. Curioso é meu celular, motivo maior da minha ansiedade, se tornar justamente meu grito de liberdade. Ou sussurro, melhor dizer. 

Ruído interno
O filósofo suíço Max Picard afirma que nada mudou tanto a natureza do homem quanto a perda do silêncio. O barulho - do trânsito, do aparelho de som do vizinho, das obras nas ruas, das buzinas, dos alertas dos nossos aparelhos eletrônicos - se tornou um dos nossos piores males. "O silêncio é o início de tudo. De onde surge a criação, a saúde física e mental, o bem-estar", escreveu em seu livro The World of Silence ("O Mundo do Silêncio", em tradução livre, sem edição no Brasil). Ele defende o silêncio como condição do pensamento e da expressão artística e criativa, e como condição irrevogável também para a nossa reflexão. "A nossa prática mental reflete muito nosso ambiente externo. Muitas pessoas vivem em cidades barulhentas, caóticas. E, em um mundo tão barulhento, estamos perdendo a capacidade de refletir, de pensar", argumenta. "O ritmo acelerado e ruidoso causa muitas vibrações mentais, em que é difícil manter a coerência de pensamentos. Isso aumenta o nosso ruído interno", diz. O desafio de se viver em um mundo tão barulhento é conseguir eliminar as distrações, se desplugar de meios de estímulo que nos chegam a todo momento. Algo como sintonizar o botão do rádio em busca de uma só frequência - e conseguir ouvi-la clara e nítida. Como em um pensamento. 
O fotógrafo paulista Lucas Lenci decidiu traduzir em imagens essa sensação de quietude que nos escapa. Em 2007, passou a captar cenas e paisagens em que sentia uma ausência quase completa de sons e resolveu batizar a série de fotos de Desáudio, que acaba de ganhar um livro homônimo. Em imagens feitas no Japão, França, Inglaterra, Ilhas Maldivas e até São Paulo, Lenci fez uma ode ao silêncio. Em todas as fotos, ele esteve sozinho, quase sempre em momentos em que a presença humana era quase inexistente. "Para mim, o silêncio está ligado à questão da solidão. Sozinho é que eu encontrava a calma e a introspecção necessárias para captar o que eu me propus. Era quase um transe", conta. Há pessoas em algumas fotos, e há também uma imagem em que um navio transatlântico (provavelmente repleto de tripulantes) é visto de longe, por trás de uma névoa. "O elemento humano sempre aparecia quando ajudava a compor a ideia de silêncio, nunca como protagonista. Há uma foto em que uma mulher está parada em um parque no Japão, enquanto outras pessoas estão sentadas juntas, conversando. Não se trata de um silêncio completo, mas aquela mulher representa o silêncio em meio aos demais. Ela está introspectiva em sua própria quietude", diz Lenci. 
Nesse sentido, o silêncio é uma abertura para a escuta do outro e, principalmente, de si mesmo. "Ele pode indicar um estado de atenção plena ao presente", afirma o professor de Comunicação e Semiótica Cassiano Quilici, da Unicamp. "Refletir com clareza e profundidade exige um `espaço mental¿ que você pode chamar de silêncio interno. Uma pessoa que está muito ansiosa, preocupada, raivosa etc., geralmente não pensa bem", diz Cassiano. Quando nossa mente está falando demais, fica quase impossível ouvi-la. Exatamente como naqueles almoços de família em que todo mundo fala, mas você não escuta ou entende coisa nenhuma. 

Força estranha
A grande questão é que ainda vemos o silêncio como uma ausência, um vazio, em vez de uma força autônoma e poderosa tão indispensável para a nossa vida. "Acreditamos, sim, que ele é fonte crucial para a criatividade e para a concentração, mas não o encorajamos na nossa sociedade, o tememos", afirma Sara Maitland. O silêncio é quase um desconforto. No elevador, puxamos qualquer assunto idiota para não termos que sentir o peso de não falar nada em frente aos nossos vizinhos, as pessoas introspectivas e que não gostam de conversar são vistas como sociopatas nos grupos sociais, e até quando ficamos nervosos começamos a tagarelar sem parar. "O silêncio nos dá medo porque o vemos como uma não existência, um não pertencimento. Temos medo do silêncio como temos medo da morte, quase pelas mesmas razões", ela acredita. E também porque o silêncio, por outro lado, nos obriga a nos ouvir - algo que muitas pessoas preferem evitar. "O barulho ajuda a abafar coisas que nem sempre queremos escutar". 
Mas muitas das forças que permeiam a nossa existência são silenciosas. A imensidão do espaço, a eletricidade, a gravidade, os raios de luz, a divisão das células do nosso corpo. Tudo é feito no mais completo sigilo. Conectar-se com o silêncio, portanto, é conectar-se com muitas das forças que determinam nossa vida. O ecologista acústico Gordon Hempton, nessas mais de três décadas tentando gravar os sons da quietude, aprendeu bem a conviver com o silêncio e entender sua importância. "Quando as pessoas me perguntam qual a sensação da tranquilidade absoluta que eu encontro nos lugares remotos que visito, pergunto se elas já viram a Via Láctea", conta. "Há uma diferença enorme entre falar sobre o Universo e olhar para cima, e testemunhando a galáxia da qual fazemos parte - um oceano de estrelas tão grande que os itens de afazeres urgentes da minha agenda se encolhem todos de vergonha. Experimentar o silêncio é a mesma coisa. Falar sobre ele é algo muito menos significativo". Algo que você levou mais de 2 mil palavras para concluir.

Fonte: Vida SimplesRafael Tonon