03 outubro 2025

O Angu do Gomes

Você já comeu o Angu do Gomes?
Em 1955, o português Manuel Gomes começou a vender angu em numerosas carrocinhas espalhadas pelas ruas da cidade. Um dos pontos tradicionais das carrocinhas era a Praça XV, onde Sérgio Mendes, Tom Jobim e Armando Pittigliani se reuniam com frequência para comer angu. Segundo Armando, o samba jazz surgiu devido à relação entre os músicos e o angu.
O 𝘼𝙣𝙜𝙪 𝙙𝙤 𝙂𝙤𝙢𝙚𝙨, como negócio, foi um símbolo do Rio de Janeiro entre as décadas de 50 e de 80. As barraquinhas do 𝘼𝙣𝙜𝙪 𝙙𝙤 𝙂𝙤𝙢𝙚𝙨 no passado espalhavam-se pela cidade, onde trabalhadores e boêmios comiam com frequência devido ao preço popular.
Aproveitando os preços populares, a informalidade do cenário, por ser uma comida com “sustância” nas madrugadas etílicas, e como orelhudos vira latas raiz adoram uma comidinha assim, frequentei essas barraquinhas nas andanças pelas noites cariocas. Reza a lenda que o Tom e o Sérgio nunca se encontraram comigo, para azar deles. Claro!
Hoje, o 𝘼𝙣𝙜𝙪 𝙙𝙤 𝙂𝙤𝙢𝙚𝙨 é um restaurante situado no bairro da Saúde, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. O 𝘼𝙣𝙜𝙪 𝙙𝙤 𝙂𝙤𝙢𝙚𝙨 Tradicional, que dá nome ao restaurante, é o principal prato servido.
O angu é um prato que tem muito a cara do Brasil: foi trazido pelos africanos escravizados e logo adotado por portugueses e brasileiros que viviam aqui em nosso país. Esse prato chegou a ser descrito pelo pintor francês Debret (que esteve no Brasil a serviço da Corte Portuguesa) como “iguaria suculenta e gostosa”.
O preço baixo, a fama e a circulação em diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro, fez com que o prato se tornasse extremante popular. Pessoas de todos os tipos comiam (e comem) o angu do Gomes.
Pessoas importantes para a história do Brasil comeram desse angu. Juscelino Kubitscheck e Jorginho Guinle foram alguns desses. Jorginho garantia que o angu era afrodisíaco.
O restaurante de fato foi inaugurado somente em 1977, embora o negócio estivesse funcionando desde 1955 em carrocinhas. Reaberto em 2009, o seu cardápio é composto principalmente por angu e por derivados. O restaurante também serve diversos aperitivos, belisquetes, carnes, chapas, frangos, guarnições, massas caseiras e peixes. 
Em 1977, João Gomes e Basílio Pinto, com o sucesso do negócio, fundaram o restaurante no Largo de São Francisco da Prainha, situado no bairro da Saúde, para servir de base para as operações das carrocinhas. O restaurante contava com 300 funcionários, 40 carrocinhas espalhadas pela cidade e uma média de mil refeições diárias.
O restaurante passou por grandes dificuldades econômicas nos anos 80, oriundas da crise econômica e do surgimento dos estabelecimentos de fast-food e dos restaurantes de comida a quilo. Em 1988, Basílio saiu da sociedade e, no ano de 1995, o restaurante fechou e as carrocinhas deixaram de circular pela cidade.
Em 2009, Rigo Duarte, neto de Basílio e formado em Gastronomia, junto com outros sócios, reinauguraram o restaurante em outro número do Largo de São Francisco da Prainha. 
Fontes & Fotos: domínio público.
#angudogomes #riodejaneiro #historia #cronicasquetocam #carlosacoelho

Nenhum comentário: