Em 1922, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) mencionou o estudo do gasogênio no “1.º Congresso Brasileiro de Carvão e Outros Combustíveis Nacionais”.
um tempo, ali pelos anos 1940, em que o Brasil viu nascer uma curiosa alternativa para driblar a escassez de combustíveis: os carros movidos a gasogênio. Eram tempos de guerra, o petróleo rareava e a criatividade fervia. O motor continuava o mesmo, mas o alimento vinha de um grande caldeirão de ferro preso à traseira ou lateral do carro, onde se queimava carvão ou lenha. Daquela combustão imperfeita nascia um gás inflamável que alimentava o motor — um sopro literal de engenhosidade tropical.
Mas conduzir um carro a gasogênio não era simples. Para ligá-lo, o motorista precisava acender o fogo, esperar o aquecimento, controlar válvulas e torcer para que o vento não soprasse na direção errada. Era uma espécie de ritual mecânico que misturava paciência, fumaça e fuligem. A autonomia, comparada à gasolina, era decepcionante: com lenha, mal se chegava a 80 quilômetros, enquanto o tanque convencional fazia o dobro ou mais.
Ainda assim, o sistema tinha seu mérito. Era barato, aproveitava recursos locais e, no Brasil rural, representou independência energética. As desvantagens, porém, eram muitas: peso extra, perda de potência, manutenção constante e o inevitável perfume de carvão queimado que acompanhava o motorista.
Quando o petróleo voltou a fluir e o racionamento acabou, os gasogênios se aposentaram discretamente. Ficaram como lembrança de um tempo em que, diante da escassez, o brasileiro mais uma vez mostrou sua habilidade de transformar fumaça em movimento — literalmente.

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