27 outubro 2025

Conheces a história da Biblioteca Nacional?

No coração do Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco, ergue-se uma senhora de saber e silêncio: a Biblioteca Nacional. Fundada oficialmente em 1810, nasceu de um naufrágio feliz — o da história. Quando a família real portuguesa fugiu para o Brasil em 1808, trouxe consigo o tesouro das letras: cerca de 60 mil volumes da Real Biblioteca de Lisboa. Assim, entre o sal do Atlântico e o cheiro de papel, começou a se escrever o destino da maior biblioteca da América Latina.
O edifício atual, inaugurado em 1910, é uma joia do ecletismo arquitetônico, com colunas coríntias, vitrais coloridos e mármores que parecem respirar história. Caminhar por seus salões é atravessar séculos — e se encantar com preciosidades únicas: o manuscrito autógrafo de “O Guarani”, de José de Alencar, as primeiras edições de “Os Lusíadas” de Camões (1572), o “Livro de Horas” iluminado do século XV, o mapa-múndi de Cantino (1502) — um dos primeiros a registrar o Brasil —, além de uma Bíblia de Mogúncia impressa em 1462, apenas sete anos após a invenção da prensa de Gutenberg.
Hoje, o acervo ultrapassa nove milhões de itens, entre livros, mapas, manuscritos, jornais e gravuras. É um organismo vivo que pulsa entre o papel e o digital, entre o passado e o futuro. Seu depósito legal, criado em 1907, garante que todo livro publicado no país tenha ali um exemplar guardado — uma forma de eternizar as palavras.
Na era das telas rápidas, a Biblioteca Nacional continua sendo um convite à lentidão: o espaço onde o tempo se dobra sobre si mesmo e o silêncio vira música. Diante de suas escadarias e de seu dourado discreto, o leitor percebe que está diante da alma escrita de um país que resiste — pela palavra, pela memória, pela beleza.

Nenhum comentário: