quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Novas oportunidades no mercado

Que o mercado continua muito volátil, todos nós sabemos. Vivemos agora um momento diferente, quando após seguidos e incosequentes pronunciamentos de nosso dirigentes, do tipo a crise não atingirá o Brasil; aqui seria como uma marolinha e lá fora uma tsunami; que os fundamentos da economia brasileira eram fortes e imunes a crises, e outras coisa no mesmo tom, a coisa parece ter mudado bastante. Estariam nosos dirigentes esquecendo que hoje vivemos em uma economia globalizada, quer queiram, quer não? O tom do discurso está mudando por força única e exclusiva de uma realidade existente já há tempos.
Mas por que mudou o discurso? Porque agora, a situação real está aflorando com grandes números negativos, que não mais são posições de aves de mau agouro; são realidade pura. As últimas avaliações dos especialistas nos dão conta de que o Brasil estará tecnicamente em recessão a partir do início do ano, dado às seguidas quedas (e previsões para o curto prazo) registradas nos níveis de produção e no PIB. Só em novembro o Brasil perdeu US$ 7 bilhões devido à crise, segundo avaliações. Mas não se deixa de falar em PAC, atendimento social e outras coisas mais. Com que dinheiro, se o Governo não consegue empenhar mais do que 10% do previsto em orçamento?
O crédito, depois de todas as providências do Governo, continua escasso, pois agora está muito mais seletivo. Os bancos não querem correr grandes riscos, embora sejam inerentes às suas atividades. Mas, repito, quem se aventuraria em correr grandes riscos, principalmente diante do que se vê ocorrendo pelo mundo inteiro? O Brasil não pode ser a grande excessão. Bem que gostaríamos!
E agora? As consequências no Brasil já se fazem sentir por todos os cantos : as incorporadoras de imóveis postergam lançamentos grandiosos como aqueles que vinham fazendo em passado recente; os imóveis podem começar a encalhar (se já não estão encalhados). Essa semana recebi quatro telefonemas me convidando para visitar estandes de empreendimentos já lançados. Como diria nosso Presidente, nunca antes havia acontecido tal coisa comigo. Onde conseguiram meu número telefônico? Até porque a assinatura do telefone de minha residência está em nome de minha mulher!
Outros segmentos industriais já dão mostras de como estão sentindo o golpe do que ocorre no mundo, principalmente com a queda no valor das commodities: a Vale demite 1.300 empregados e coloca 5.500 em férias coletivas; a CSN dá férias coletivas a 2.000 empregados; a Gerdau, a 1.500; a indústria automobilística, por sua vez, colocará em férias coletivas algo como 40.000 trabalhadores e a indústria de autopeças outros 50.000, como consequência da diminuição de produção das montadoras. A Petrobras, que havia apresentado um lucro enorme, o maior de sua história, pede socorro ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica, para honrar compromissos. O que é isso?
Outra vez, e agora? O Governo acena com diminuição de impostos incidentes para alguns setores, com vistas a dimimuir a demissão de pessoal (ou férias coletivas, como queiram): redução de IOF sobre financiamento de empresas para capital de giro ou de compra de um bem financiado e se propõe, quem sabe, a dobrar o salário-desemprego de 5 para 10 meses. Qual o reflexo disso na economia real, a curto prazo? Via de regra a maturação (e os resultados) para medidas do tipo das que estão, ou foram, tomadas, levam, em alguns casos, até um ano para surtir algum efeito real.
E a marola? O que aconteceu? Transformou-se rapidamente em tsunami? Assim tão de repente? Bem sei que um governante, ou administrador de uma instituição não pode, nem deve, alarmar quem está abaixo da sua função, mas venhamos, é pura falta de sensibilidade administrativa não tomar as providências necessárias e cabíveis, seja qual for o discurso a apresentar, no tempo devido. Tornou-se evidente que as seguidas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio não se mostraram suficientes para conter a desvalorização do Real e nem aumentou a disponibilidade de crédito para as empresas. O resultado prático está aí para todos vermos.
Apesar de tudo isso, alguns setores industriais ainda resistem aos solavancos e não apresentam perdas tão significativas quanto siderurgia, mineração e petróleo. Refiro-me aos setores de fumo e bebidas (será por causa do vício, ou da própria crise, que mais estimula o vício?). De dezembro de 2007 até o dia de ontem (03/12/2008), a ação da Ambev caiu de R$ 146,00 para R$ 96,00 na BOVESPA, uma perda de 34,2% e Souza Cruz passou de R$ 56,45, para R$ 48,00, com uma queda de 15%. Enquanto isso, Vale caiu 57%; Petrobras caiu cerca de 55%, mesmo com os diversos anúncios de descoberta de novos campos, lucro astronômico, etc; CSN, teve queda de 55%, e por aí vai.
Portanto, meus amigos, todo cuidado ainda é pouco quando se pensa em aplicar em Bolsa de Valores. Agora, mais do que nunca!
Lamento que a indùstria de marketing não tenha papéis negociados intensamente na Bolsa de Valores, pois acredito que esse segmento atravessará um bom período de negócios, pois, na crise, uma das soluções sempre procuradas pelas empresas, é a PROPAGANDA de seus produtos em busca de clientes, seja para mantê-los, alertá-los sobre boas oportunidades, que a propaganda sabe mostrar, melhor do que ninguém, sempre como vantajosas, ou ganhar novos clientes. Logicamente, como consequência, os veículos de comunicação podem ser beneficiados por ações de marketing, o que pode lhes render boas oportunidades. Lembrem-se sempre, demitir pessoal, cortar o cafezinho, fechar unidades produtivas e outras coisas do genêro não apresntam resultados tão significativos para uma empresa, quanto uma boa ação de marketing.
Tracei aqui, em rápidas colocações, como vejo a situação atual. Apesar de tudo isso, é nesse momento que a BMFBovespa lança no mercado um novo pacote de produtos chamados de ETF - Exchange Traded Funds - que nada mais é do que o conjunto de três fundos baseados em índices, a exemplo do que já existe no exterior. O objetivo desses fundos é procurar atingir um desempenho próximo do desempenho do índice em que se baseia. Os fundos que foram lançados por aqui são o ISHARES BOVA CI , ISHARES MILA CI e ISHARES SMAL CI. Devo lembrar que o mercado já possui um fundo desse tipo, o PIBB, lançado pelo BNDESPAR em 2004, que procura acompanhar o IBrX-50. O PIBB apresentou excelentes resultados, numa época em que a Bolsa subia sem parar, o que levou o Banco à abertura de uma nova captação de adesões em 2005.
O fundo BOVA CI lançado pela BMFBovespa abriga os papéis que compõem o Índice Bovespa e não é composto exclusivamente das ações que compõem o IBOVESPA, podendo ter em sua carteira, conforme mostrado no folder de divulgação do produto, até 5% aplicados em títulos do Tesouro Nacional, cotas de outros fundos, etc.
Já o fundo MILA CI engloba ações de média e grande capitalização e o SMALCI está focalizado em ações de baixa liquidez.
Os investidores que estiverem interessados nesses fundos devem procurar maiores detalhes junto às suas corretoras, ou mesmo junto à BMFBovespa, principalmente no que se relacioona com as taxas de administração cobradas, que no caso do BOV CI é dita de 0,54% aa.
Bem amigos, por hoje é só (?!). Continuo recomendando muito cuidado, cautela, etc, etc. Que tal esperar um pouco mais, até final de janeiro, ou fevereiro, após a posse de Barack Obama nos EUA, para ver se algo mais interessante pode ser vislumbrado no horizonte?
Boa sorte a todos!

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