Você já deve saber que a Microsoft é, atualmente, uma parte
pequena da vida de Bill Gates, apesar de ter sido ainda menor em tempos
recentes. O fundador da companhia dedica muito de seu tempo e, principalmente,
dinheiro financiando diversos projetos no mundo todo com os fins mais diversos
possíveis.
Como são muitos projetos (muitos, mesmo), alguns deles parecem
altamente curiosos, mas não deixam de ser úteis, propondo ideias diferentes para
solucionar os problemas do mundo. Seguem abaixo algumas das propostas mais
curiosas bancadas por Gates.
Urina para geração de eletricidade
A Fundação Bill&Melinda Gates banca as pesquisas que buscam uma maneira de transformar urina em energia.
A técnica utiliza o MFC (células de combustíveis de micróbios), que usa micro organismos vivos. A urina passa pelo MFC e é metabolizada, liberando
elétrons. Eletrodos captam estes elétrons que, quando conectados a um circuito
externo geram corrente elétrica.
Nos testes, foram recarregadas baterias
comerciais como as encontradas nos smartphones.
A equipe de bioenergia,
liderada pelo pesquisador Ioannis Ieropoulos, no Laboratório de Robótica de
Bristol (uma parceria entre a Universidade de Bristol e a Universidade do Oeste
da Inglaterra), tem o objetivo de fazer bom uso dos 6,4 trilhões de litros de
urina que a humanidade produz anualmente.
Para os testes, os cientistas
usaram urina recente, expelida havia menos de uma semana de um indivíduo
saudável, com altura e peso medianos.
Em outros testes, tentaram oferecer restos
de comida, insetos mortos e pedaços de grama para os micróbios, mas nenhum gerou
tanta corrente elétrica quanto a urina.
Chip anticoncepcional
Gates já cedeu US$ 4,6 milhões ao
desenvolvimento de uma ideia com potencial para mudar os métodos
anticoncepcionais femininos.
Trata-se de um micro chip que pode ser ligado e
desligado por controle remoto, com duração de 16 anos no corpo da
mulher.
O dispositivo mede cerca de 20x20x7 milímetros e pode ser
implantado nas nádegas, no abdômen ou na parte de cima do braço. Ao ser colocado
sob a pele, o dispositivo despeja cerca de 30 microgramas por dia de
levonorgestrel, hormônio utilizado em diversos contraceptivos. O medicamento
fica armazenado em uma cápsula dentro do chip.
A ideia foi desenvolvida inicialmente para enviar medicamentos
diretamente nos ossos de pacientes com osteoporose, mas teve sua utilidade
ampliada a pedido do cofundador da Microsoft. O microchip começa a ser
testado no ano que vem e pode chegar ao mercado em 2018.
“Superbanana”
Um investimento de US$ 10 milhões
foi feito pela fundação Bill&Melinda Gates para melhoria genética da
banana, para nutrir melhor regiões pobres.
O projeto está em desenvolvimento desde
2005, sob a liderança de James Dale, pesquisador da Queensland University of
Technology, na Austrália. O intuito é enriquecer a banana com provitamina A,
oferecendo-as às populações que dependem de agricultura de
subsistência.
A previsão é que as plantações com as novas bananas só sejam uma
realidade em Uganda, onde os testes são conduzidos, a partir de 2020.
Depois de
anos com testes em roedores, em 2014 iniciou-se a etapa com humanos.
A diferença entre a banana normal e a modificada é gritante, até
mesmo visualmente falando. Por dentro, em vez do amarelo clarinho, existe uma
coloração alaranjada, resultado da concentração de vitamina A, cuja ausência no
organismo é citada como causa para o enfraquecimento do sistema imunológico e
cegueira.
Preservativo
No ano passado, a fundação
beneficente criada por Bill Gates e sua esposa, Melinda Gates, começou a
investir na revolução dos preservativos.
Agora a organização premiou a
Universidade de Wollongong, na Austrália, com US$ 100 mil para desenvolver um
projeto de camisinha segura que não diminua o prazer do sexo.
Os
pesquisadores envolvidos explicam que, em vez de usar latex, estão usando um
novo material chamado “tough hydrogel” (hidrogel resistente), que foi criado
para passar a sensação da pele real.
A expectativa é que os homens se
sintam mais à vontade para usar o preservativo, o que também reduziria o risco
de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.
Robert Gorkin,
engenheiro biomédico responsável pelo projeto, diz que a evolução tem a
capacidade de “melhorar a vida de muitas pessoas”.
Vacas com cheiro de
humanos
A fundação cedeu US$ 100 mil a uma empresa da
Califórnia, chamada ISCA Technologies, que desenvolve uma espécie de “perfume”
com cheiro de humanos para gado.
Parece estranho, mas a ideia é interessante. A
meta é fazer com que insetos vetores de doenças como a malária, dengue e febre
amarela piquem os animais em vez dos humanos.
Com esta substância, o inseto fica confuso. E o gado também
poderia ser tratado com inseticida, o que mataria o vetor de doenças
imediatamente.
A Organização Mundial da Saúde estima que 3,4 bilhões de pessoas
vivem sob o risco de contrair malária, e o projeto pode ajudar a manter estas
pessoas em segurança.
Curiosamente, um brasileiro é responsável pela pesquisa. Agenor
Mafra-Neto é o fundador da empresa e criou o spray que pode ajudar a salvar
vidas.
Outros projetos
brasileiros
Gates também financiou dois projetos
legitimamente brasileiros.
É o caso dos pesquisadores José Guilherme Cecatti e
Rodolfo de Carvalho Pacagnella, que receberam R$ 2 milhões da fundação (e mais
R$ 2 milhões do CNPq) para investir em estudos de prevenção e intervenção em
partos prematuros. No Brasil, as ocorrências correspondem a 12% do total das
gestações, segundo a Unicef.
O auxílio foi resultado de um concurso
lançado pela Fundação que Gates administra e pelo Ministério da Saúde para
levantar ideias brasileiras que ajudem a minimizar o problema da
prematuridade.
Os projetos se complementam; o de Cecatti pretende medir
as substâncias no sangue da mulher para prever, no 4º mês de gestação, o risco
de ter a gravidez interrompida antes da 37ª semana; já o de Pacagnella
busca associar tratamentos já existentes na tentativa de evitar o parto
prematuro em mulheres que tenham o colo do útero
encurtado.
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