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08 janeiro 2015

Muitos "obesos saudáveis" não são saudáveis


A ideia de "obesidade saudável", ou seja, que há pessoas obesas que, no entanto, gozam de boa saúde, com níveis normais de colesterol, pressão arterial e outros fatores de risco metabólico, ganhou força nos últimos anos. Mas um pequeno estudo sugere que esse estado de coisas aparentemente saudáveis ​​não dura.
A análise, publicada no Journal of the American College of Cardiology , estudou 2.521 pessoas, incluindo 66 adultos obesos que estavam em bom estado de saúde. Os pesquisadores periodicamente examinaram estas pessoas ao longo de 20 anos, avaliando cinco medidas de saúde metabólica: colesterol, triglicérides, pressão arterial, glicemia em jejum e resistência à insulina.
Definindo como anormalidades duas ou mais das medidas fora dos padrões, a progressão de ser saudável para a obesidade não saudável aumentou ao longo do tempo. Ao final do estudo, 51 por cento dos obesos saudáveis ​​eram, na realidade, não saudáveis e eles tinham quase oito vezes mais chances de chegar à obesidade doentia do que os adultos saudáveis ​​que não eram obesos.
"'Obesidade Saudável' é  um termo bastante enganoso", disse o principal autor, Joshua A. Bell, doutorando da University College London. "Parece seguro, mas sabemos que é apenas saudável, num sentido relativo. O obeso saudável tornar-se-á não saudável e progredirá para o grupo de maior risco. Este é um verdadeiro desafio para a ideia de que o obeso pode ser saudável a longo prazo. "

Fonte: The New York Times - Blog Well 

06 janeiro 2015

Cientistas desenvolvem ‘refeição imaginária’, que engana corpo e causa perda de peso


Ronald Evans, diretor do laboratório de expressão gênica do Instituto Salk, nos EUA, que desenvolveu composto chamado fexaramine
Uma nova substância é capaz de enganar o organismo, levando-o a perder peso e combater a obesidade. Coordenados por pesquisadores do Instituto Salk (EUA), os testes com a “pílula da refeição imaginária”, como eles apelidaram o composto, funcionaram em camundongos. Agora, os cientistas estão empolgados para experimentá-la em humanos.
Além de queimar gordura, a substância, chamada fexaramina, diminui o colesterol, a pressão sanguínea e os níveis de açúcar, controlando o diabetes. A diferença em relação a outros medicamentos no mercado é que ela não penetra na corrente sanguínea, permanecendo apenas no aparelho digestivo, o que reduz os efeitos colaterais.
— Especialmente no Brasil, temos poucas opções de drogas para tratamento de obesidade. Há algumas aprovadas pelo FDA (agência reguladora dos EUA) com bons resultados que não chegaram aqui — explica Flávia Conceição, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional RJ. — Porém, nem todos os pacientes respondem da mesma maneira a uma droga: há os que perdem bastante peso e outros que não acusam efeito nenhum. Os efeitos colaterais também variam.
População de mais de 17% de obesos
Dados de 2014 da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, e destes, 17,5% são obesos. Além disso, a prevalência de mulheres com diabetes é de 7,2%, contra 6,5% nos homens. Entre pessoas com mais de 65 anos, o índice de diabéticos chega a 22%. A obesidade e a diabetes levam a complicações cardíacas e diminuem a expectativa de vida.
— A pílula é como uma refeição imaginária — compara Ronald Evans, diretor do Laboratório de Expressão Gênica de Salk e autor principal da pesquisa publicada ontem na revista “Nature Medicine”. — Ela manda os mesmos sinais que normalmente ocorrem quando a pessoa come uma grande quantidade de alimentos, de modo que o corpo começa a abrir espaço para estocá-los. Mas não há calorias nem mudanças no apetite, então, consequentemente, há perda de peso.
A fexaramina ativa uma proteína chamada receptor farensoid X (FXR), que controla a liberação de ácidos biliares do fígado, a digestão do alimento e o estoque de gorduras e açúcares. Outras drogas contra a obesidade bloqueiam a absorção de gordura, já esta queima seu excesso. O laboratório de Evans trabalha há 20 anos com o FXR, mas há outros centros de pesquisa que também estão estudando drogas com função parecida.
— Como esta droga, várias outras com características semelhantes (AGN34, GW4064 e WAY 362450) começaram a ser estudadas nos últimos anos, e agora estão saindo os primeiros resultados com animais — afirma a endocrinologista Isabela Bussade, professora da pós-graduação de Endocrinologia da PUC-Rio. — Esse estudo é bem interessante porque traz um mecanismo diferente de ação dos remédios atuais, mas claro que para termos resultados com humanos ainda vai levar alguns anos.
Camundongos diabéticos e obesos receberam a substância por cinco semanas. Segundo Michael Downes, coautor e pesquisador Laboratório de Expressão Gênica de Salk, foram encontrados os seguintes resultados: os níveis de glicose voltaram ao normal de um animal não diabético; houve redução dos níveis de colesterol em 35%; de insulina, em 70%; de massa de gordura em 45%; e eles ainda deixaram de ganhar peso. Quando questionado por quanto tempo seria preciso manter o tratamento, ele pondera:
— Isto dependeria de outros fatores, como mudanças no estilo de vida. Neste estágio das pesquisas, eu diria que a droga precisaria ser administrada mesmo após resultados positivos, mas ainda precisamos de mais estudos para comprovar isso.
Ou seja, além da substância, o estilo de vida saudável continuaria sendo prioridade.
— Sempre incentivamos a prática de atividade física e a dieta balanceada. O medicamento é a terceira via no tratamento do obeso que não responde apenas às mudanças no estilo de vida — reforça Isabela.