Inteligência emocional é uma competência mais complexa do que parece.
Está (muito) longe de ser apenas simpatia, paciência.
Você
tem inteligência emocional se exibir estas 4 habilidades.
Um
mal-entendido comum quando se fala em inteligência emocional é reduzir o significado
dessa competência à facilidade para relacionamentos interpessoais. Como se
bastasse ser sociável, sensível às necessidades alheias e capaz de acalmar os
ânimos quando todos os demais estão nervosos.
A inteligência
emocional vai muito além disso, explicam Daniel Goleman, autor de inúmeros
best-sellers sobre o tema, e Richard Boyatzis, professor de psicologia da Case Western Reserve
University, em artigo para o site da Harvard Business Review.
Não
basta ser simpático, calmo e gentil: é preciso ter autoconhecimento, capacidade
de dar feedbacks difíceis, facilidade para
mediar conflitos e otimismo na hora de enfrentar adversidades, entre
muitas outras características.
Ao cabo de 30
anos de estudos sobre o assunto, os especialistas chegaram a um resumo com
4 habilidades essenciais que compõem esse tipo de inteligência. “Ter uma
combinação balanceada dessas capacidades específicas faz com que um líder
esteja preparado para grandes desafios”, escrevem eles. São estas, descritas
também no site oficial de Goleman:
1. Consciência de si mesmo
Descreve a
capacidade de conhecer suas próprias emoções. Faça o teste: tente escrever numa folha de
papel, com a maior quantidade possível de detalhes, o que você sentiu em um
momento difícil da sua carreira. Quanto mais específicas, ricas e precisas
forem as suas palavras, maior o seu autoconhecimento provavelmente é.
Compreender as suas emoções mais íntimas é fundamental para usá-las ao seu favor.
Ter consciência de si mesmo também significa saber quais são os seus limites e
ter autoconfiança sobre os seus pontos fortes.
2. Gestão de si mesmo
Aqui
estão presentes quatro habilidades: autocontrole emocional, capacidade de
adaptação, orientação para os resultados e otimismo. Essas capacidades são
essenciais para não se desesperar diante de situações adversas e manter o foco
no trabalho, com a convicção de que tudo acabará bem. Quem tem essas
competência não reage por impulso e consegue lidar mais facilmente com a
mudança.
3. Consciência social
Ser
dotado desta competência significa ter consciência organizacional, isto é, a
aptidão de ler o estado emocional de um grupo e suas relações de poder. Outro
componente deste pilar é a empatia, que descreve a capacidade de
compreender os sentimentos e perspectivas das outras pessoas e colocar-se no
lugar delas. Tudo isso ajuda a prever situações de conflito e se antecipar aos
seus efeitos.
4.
Gestão de relacionamentos
Aqui, estão
incluídas as seguintes capacidades: influência, mentoria, administração de
conflitos, trabalho em equipe e liderança inspiradora. Em resumo, descreve a
capacidade de induzir atitudes desejáveis em outras pessoas. Pessoas com
facilidade para gerir relacionamentos sabem como desenvolver seus liderados,
dar feedbacks negativos, criar grupos de trabalho motivados, vencer negociações e dissolver
mal-entendidos.
Descritos
os pilares da inteligência emocional, fica clara a enorme distância desse
conceito para a mera “simpatia”, afirmam Goleman e Boyatzis.
Imagine,
por exemplo, que você tem um subordinado com uma personalidade ácida e quase
agressiva.
O que um chefe simpático faria? Provavelmente
conversaria com ele sempre “com jeito” e tentaria evitar conflitos a qualquer
custo. Não haveria situações desconfortáveis, mas o problema continuaria
latente.
Já um
gestor com inteligência emocional usaria suas habilidades de autocontrole para
conversar com esse funcionário sem deixar o nervosismo atrapalhar. Além disso,
empregaria sua capacidade de influência e persuasão para dar um feedback
negativo sobre sua postura e convencê-lo a mudar.
Você
não precisa ter todas essas aptidões plenamente desenvolvidas para ser um bom
líder: basta ter um pouco de cada uma, de forma equilibrada, dizem Goleman e
Boyatzis.
Uma
leitura atenta dos 4 pilares da inteligência emocional ajudará você a
identificar quais são as suas lacunas e trabalhar para preenchê-las. Os
especialistas também recomendam avaliações do tipo “360 graus”, que combinam as
suas percepções sobre si mesmo com o olhar dos seus chefes, colegas e
subordinados.
O
olhar externo é extremamente útil para ter um quadro mais exato do seu nível de
inteligência emocional, até mesmo para o pilar “Consciência de si mesmo” —
afinal, como você poderia ser autoconsciente de que não é autoconsciente?
“Busque
uma dimensão das suas forças e fraquezas pedindo comentários de pessoas que
trabalham com você”, recomendam Goleman e Boyatzis. “Quanto mais gente
responder, mais preciso será o retrato final”.