O jornal New York Times de 18 de Novembro de 2014, traz em uma sessão especial, um pouco do que a vida de um aposentado classe média nos EUA e seus planos. O artigo com o título "Encontre um paraíso que te atenda na aposentadoria" mostra coisas interessantes. A abordagem apresentada pode ser de ajuda para brasileiros que pensam em se aposentar e mudar residência para lugares diferentes daqueles onde passaram a maior parte de suas vidas, em busca de "bem-estar", "melhor qualidade de vida", etc. Vale a pena conferir a experiência americana.
Mais
de 10 anos atrás, Barbara Zierten e seu marido mudaram-se para uma
pequena cidade na cênica Califórnia "o país do ouro", no sopé da Serra
Nevada.
"Aqui é bonito", disse Zierten, 73 anos, explicando a atração da região leste de San Francisco. Eles tinham um orçamento apertado e imaginavam que viver em uma pequena cidade seria mais barato.
Mas o tempo passou, e eles decidiram que a área não era o local ideal. Concluíram que a biblioteca estava aberta apenas em tempo parcial. "Eu sou uma leitora", disse ela.
"Então, isto é frustrante." Uma experiência ruim com um hospital a levou a
procurar tratamento para problemas de saúde em San Francisco, distante duas
a três horas de carro.
Talvez o mais desanimador para Ms. Zierten, uma liberal que acompanha de
perto a política, era que as opiniões da população tendiam a ser muito
mais conservadoras do que ela própria.
Particularmente irritante era o fato de que os moradores muitas vezes colocavam
grandes críticas a Barack Obama: "O último disse: 'Presidente
Ebola.' "
"Eu não fiz uma pesquisa", ela admitiu. O casal agora está planejando se mudar para Sacramento.
Como Ms. Zierten aprendeu, comprar um imóvel para a aposentadoria deve, idealmente, envolver mais do que uma leitura atenta
de anúncios imobiliários, deve ser feita uma avaliação das alíquotas de impostos locais e verificar a temperatura média da região em vista.
Ao escolher um lugar para morar por duas décadas ou mais, os
aposentados também devem considerar se a comunidade reflete seus
valores, e se o local pode realmente satisfazer as suas necessidades em
termos de cuidados com a saúde, bem como a disponibilidade de atividades sociais e culturais à
medida que envelhecem.
Várias pesquisas, incluindo um relatório recente da AARP (uma organização sem fins lucrativos, que trata de a uma mudança social e oferta de valores positivos para pessoas de 50 anos, ou mais, através de informação, sensibilização e serviço), que concluiu que a maioria das pessoas com mais de 50 anos de idade preferem ficar sossegadas à medida que envelhecem.
Mas, às vezes, especialmente para aqueles que passaram suas vidas de
trabalho nas caras áreas urbanas, a necessidade de viver com uma renda
fixa conduz os aposentados a procurarem locais que são mais acessíveis. Outros simplesmente consideram uma mudança de ritmo em suas vidas.
Pensar sobre o que eles querem, e, em seguida, procurar aquelas
comunidades que parecem ser uma boa ideia pesquisar, pode ajudar os
aposentados a evitar decepções e erros financeiros potencialmente
dispendiosos. Jane Bryant Quinn, uma jornalista de finanças pessoais,
aconselha. "Se você estiver planejando se mudar, comece uma pesquisa com anos de antecedência", disse ela.
Catherine Frank, diretora do Instituto de Aprendizagem ao Longo da Vida, na Universidade de North Carolina, em Asheville, propõe que os
aposentados visitem a comunidade em prospecção e vivam lá como eles
esperariam, por algum tempo.
Preste atenção em como você vai fazer compras, como você vai circular pela região, como você vai ocupar o seu tempo, diz ela, e seja específico com
as suas necessidades. "Se você tem problemas de coração, então você precisa de bom atendimento cardíaco", lembra Ms. Frank. "Você pode viver uma vida saudável lá, indo a pé ou de bicicleta?"
Uma abordagem óbvia é a de fazer uma assinatura do jornal local ou ler on-line.
Catherine Moore, de 65 anos, que está se aposentando em Temple, NH, no
início do próximo ano, depois de uma carreira em um negócio varejista de
equipamentos ao ar livre, foi mais longe do que isso.
Antes de escolher o lugar, ela leu a ata de uma reunião da cidade, uma
forma única do governo da Nova Inglaterra, para descobrir que tipo de
questões a população local estava enfrentando e como a população lidou com os problemas -
"para ter uma visão resumida do valor que as pessoas dão a cada situação e como elas se comprometem,
concordam ou discordam ", ela escreveu em um e-mail.
As notas da reunião da cidade podem ser encontrados on-line, ela disse, e
podem dar dicas sobre como a comunidade é susceptível em considerar amigos e
vizinhos que se ajudam mutuamente.
"Eu não tenho que concordar com os pontos de vista políticos do meu
vizinho, para saber quando ele vai acabar de usar sua motosserra, ou como vou limpar meu
carro depois de uma tempestade de gelo", disse ela.
Buck Bragg, 67, um ex-advogado corporativo na área de seguro recorda quando ficou "intoxicado" com a ideia de se mudar depois que se aposentou.
Ele e sua esposa, Nancy, uma ex-professora universitária, tinha
inicialmente se mudado para o Alasca depois que ele se formou em Direito,
mas acabou por mudar-se para viver em Bloomington, Ill., por causa de sua
carreira. Eles gostaram de criar seus filhos lá, ele disse, mas agradeceram pela oportunidade de ir para outro lugar.
Depois de participar de um seminário sobre planejamento da
aposentadoria, em Asheville, Carolina do Norte, ele percebeu que a
cidade tinha muito do que eles estavam procurando, incluindo beleza da paisagem, uma baixa taxa de criminalidade e atividades amigáveis para idosos,
como os clubes do livro.
Ele e sua esposa tinham pensado em construir uma casa em um empreendimento que estava sendo desenvolvido na cidade e que oferecia um campo de golfe. Mas depois de se mudar para Asheville, em 2010, eles descobriram que gostavam de fazer coisas diferentes, como ioga.
Então eles optaram por alugar uma casa no centro, onde existem restaurantes e uma vida artística vibrante, bem como está próximo de montanhas para caminhadas.
Mr. Bragg aconselha alugar uma casa por pelo menos seis meses,
inicialmente, para ver se é fácil conhecer as pessoas e conversar com
os moradores locais, os quais estão familiarizados com as especificidades do
bairro. "Você precisa saber o que eles sabem", disse ele.
O Instituto Milken, uma empresa de pesquisa sem fins lucrativos que
estuda o envelhecimento, entre outros assuntos, classifica as
comunidades com base em atributos que foram determinados como desejáveis pelos americanos mais velhos. A iniciativa "Melhores Cidades para envelhecimento bem-sucedido" destina-se a estimular as comunidades a se adaptarem ao envelhecimento da população.
A lista, que foi atualizada recentemente, inclui muitas cidades e vilas -
como Madison, Wisconsin e Iowa City, Iowa -, que não são
necessariamente pensadas como destinos tradicionais de aposentadoria.
Seus principais locais oferecem economias fortes com opções de emprego,
uma vez que muitas pessoas em idade de se aposentar quer trabalhar, pelo
menos, em tempo parcial; oferecem oportunidades de aprendizagem e engajamento cultural; acesso a cuidados de saúde de qualidade; e bom transporte.
O relatório desenvolveu um índice usando 84 critérios, com base nos
dados disponíveis publicamente, para classificar mais de 350
comunidades. Ele inclui dados sobre clima e campos de golfe, mas vai mais longe.
Por exemplo, classifica fatores de "bem-estar" de cada cidade por número
de restaurantes fast-food per capita e taxas de diabetes, bem como o
percentual de hospitais que oferecem serviços geriátricos. O ranking "envolvimento da comunidade" reflete o número de bibliotecas e ACMs, bem como o nível de voluntariado sênior.
Cidades universitárias aparecem frequentemente na lista do Instituto Milken, o que apresenta uma surpresa para Marilyn e Richard Frey, que se
estabeleceram em Oxford, Mississipi -, pois a sede da Universidade de Mississippi não consta da lista.
Os Frey, de 70 anos, passaram a maior parte de suas vidas, como
professores, agora eles estão em uma segunda carreira trabalhando como
gestores para a cadeia de hotéis La Quinta.
Enquanto trabalhavam em El Paso, eles compraram um terreno para uma casa
nas montanhas de New Mexico, mas depois ficaram preocupados com o fato de que o local poderia ser
muito remoto à medida que envelheciam. "Começamos a repensar a coisa toda", disse a Sra Frey.
Eles estabeleceram novos critérios: acessibilidade, proximidade
do aeroporto para viagens internacionais e acesso às artes e opções de
entretenimento. Frey aposentou-se primeiro e se encarregou do esforço de mudança do casal.
Ele participou de uma conferência organizada pelo estado de
Mississippi, e voltou para casa com uma pilha de pacotes sobre
várias comunidades. "Eu os coloquei em três pilhas: sim, não e talvez", lembrou ele.
Frey então alugou um carro e correu todo o estado, visitando 10 localidades promissoras. "Eu dirigi pelos bairros", disse ele. "Eu visitei supermercados."
Uma viagem de primavera para Mississippi com sua esposa levou-os a se
concentrar em Oxford: "Lembro-me dos narcisos", disse ela.
Eles se mudaram para lá no início de 2002. Eles gostam da realidade de que a praça do
centro da localidade tem três livrarias, que recebem autores que visitam a cidade, possibilitando conversa direta com eles. Os Frey participam de produções teatrais e podem ter aulas e participar de eventos esportivos no Ole Miss.
Jerry Swerling, professor de relações públicas na University of Southern California’s Annenberg School, em Los Angeles, está usando uma
abordagem um pouco semelhante à dos Frey, com ênfase mais pesada na
pesquisa inicial pela Internet.
Ele e sua esposa, Karen, figurinista profissional, amam a sua casa e o
clima na Califórnia, mas eles querem um lugar na Costa Leste, com um
custo de vida mais baixo, quando se aposentarem no próximo ano. Eles pretendem vender a sua casa atual e comprar uma mais barata.
Eles começaram com pesquisas tradicionais, como listas de revistas de
"melhores lugares para a aposentadoria", assim como as ideias de amigos. "Se um lugar surge em várias listas, eu vou olhar para ele", disse ele.
Seu objetivo: uma animada área urbana com acesso a Amtrak, para que
eles possam viajar de trem para visitar Washington, Nova York e Nova
Inglaterra. "Precisamos de um lugar com cinema e museus", disse ele.
Idealmente, eles gostariam de um bairro onde pudessem caminhar uma quadra ou duas para uma bebida ou uma refeição. Ele usou o site imobiliário Zillow, que permite aos usuários acompanhar anúncios em bairros específicos; tem uma função de mapeamento que permite que os usuários vejam e saibam o número de restaurantes e cafés nas proximidades. "Para mim, cafés são um símbolo da civilização", disse ele. Ele também verificou um site de mapeamento sobre crime, raidsonline.com , para avaliar a segurança de um bairro.
Uma pegadinha, disse ele, é cuidar da saúde.
Muitos rankings sobre aposentadoria medem o número de médicos per capita, mas
isso não é útil se os médicos não estão em seu plano de seguro
particular.
(Planos individuais oferecidos sob o Affordable Care Act, em
particular, podem ter redes médicas muito pequenas). Mr. Swerling, 67, é
elegível para o Medicare , mas sua esposa ainda não é, então eles esperam encontrar um plano interino de saúde para ela.
Eles têm estreitado sua lista a um punhado de comunidades na costa do meio Atlântico, incluindo Richmond, Va., pois eles gostam de sua rica
história. Eles estão planejando uma viagem de automóvel em dezembro, quando ficarão uma ou duas noites em vários locais.
Um reconhecimento mais profundo é agora uma prioridade para Ms. Zierten, uma aposentada da Califórnia.
Ela assinou o Sacramento Magazine, em parte para aprender sobre
acontecimentos na cidade, para onde ela e seu marido, John Dahlen, têm a
esperança de se mudar. Ela planeja gastar algum tempo em locais que servem café da manhã, fazendo "espionagem" sobre as conversas.
"Verificar se todo mundo está falando sobre morte", disse ela, referindo-se a
um termo que os conservadores usam para argumentar contra o Affordable
Care Act. Se assim ocorrer ela provavelmente irá procurar outro lugar. Ela não se importa com pontos de vista opostos, disse ela. Mas, "Você quer encontrar um nível de conforto."
Uma maneira rápida de obter uma sensação geral para a política de uma área vem através do American Communities Project , da American University’s School of Public Affairsa.
O projeto criou um mapa on-line que classifica todos os municípios dos
Estados Unidos em 15 categorias, com base nos resultados das eleições
passadas e outros fatores.
Você pode passar o cursor sobre o município para onde você está pensando se
mudar, para ver se você pode encontrar moradores com a mesma opinião.
As categorias incluem, por exemplo, "Subúrbios urbanos", ricas áreas, em
sua maioria brancas perto de grandes cidades que votaram fortemente para o
presidente Obama em 2012. "Evangelical Hubs" são em grande parte
branca, com rendimentos mais baixos; estas áreas são bastante conservadoras e votaram esmagadoramente para o candidato republicano, Mitt Romney.
Antoine Yoshinaka, um professor assistente do governo na American
University, disse que, se você realmente quiser ser mais específico,
você poderá encontrar informações sobre os padrões de votação em nível de delegacia, entrando em contato com a divisão de eleições do secretário de
Estado para o seu estado.
Mas ele advertiu que a abordagem não garantirá que seu
vizinho irá partilhar os seus pontos de vista: "Não há uma medida
perfeita."
Referência: The New York Times -
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