Não é receita de bolo, muito menos recomendação radical. Cada organismo é um, daí sermos indivíduos. No entanto, vale a pena saber.
1. Pão francês por integral
1. Pão francês por integral
Eis
uma forma de começar o dia protegendo as artérias. A massa integral
presenteia o organismo com boas doses de fibras. Esse ingrediente serve
de alimento a bactérias aliadas que moram no intestino. Bem nutridas,
algumas delas fabricam mais propionato, uma substância que tem tudo a
ver com os níveis de gordura na circulação. “Ao chegar ao fígado, ela
diminui a produção de colesterol”, explica a gastroenterologista
Jacqueline Alvarez-Leite, da Universidade Federal de Minas Gerais. Com
isso, cai também a quantidade dessa partícula no sangue.
2. Leite integral por desnatado
Esse
esquema garante a entrada do cálcio, tão caro aos ossos, sem um bando
de penetras gordurosos. A bebida desnatada tem o mesmo teor do mineral,
com a vantagem de ostentar menos ácidos graxos saturados. O excesso
desse tipo de gordura eleva os níveis de LDL, a fração ruim do
colesterol. “Isso porque reduz o número de receptores que captam LDL nas
células”, ensina a nutricionista Ana Maria Pita Lottenberg, do Hospital
das Clínicas de São Paulo. Se esse mecanismo não funciona direito, o
colesterol vaga no sangue, pronto para se depositar na parede das
artérias.
3. Óleo de soja e outros por azeite
O
ganho dessa troca vem da combinação entre gorduras benéficas e
antioxidantes que povoam o óleo de oliva. Uma de suas vantagens é
fornecer doses generosas de ácidos graxos monoinsaturados. “Eles não
aumentam os níveis de LDL e ainda ajudam a erguer um pouco as taxas de
HDL, o colesterol bom”, afirma o cardiologista Raul Dias dos Santos, do
Instituto do Coração de São Paulo. “Além disso, os compostos fenólicos
do azeite evitam a oxidação do colesterol, fenômeno que propicia a
formação das placas”, completa Jorge Mancini, diretor da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
4. Pizza de mussarela pelas de vegetais
A
ideia pode não agradar aos fãs mais puristas das pizzarias, mas presta
um enorme serviço aos vasos sanguíneos. Deixar camadas e mais camadas de
queijo de lado de vez em quando significa podar gordura saturada do
cardápio. Como você viu, ela protagoniza o disparo do LDL, o tipo
perigoso do colesterol. Substituir a mussarela ou a quatro queijos pelas
redondas cobertas de vegetais é uma saída para degustar pizzas sem
receio. Opções não faltam — vale pizza de escarola, de rúcula, de
brócolis e até de abobrinha. E elas oferecem um bônus: pitadas de fibras
e antioxidantes.
5. Salgadinhos por castanhas
Essa
troca é destinada àquele momento em que pinta a fome no meio do dia.
Solução fácil, mas nada saudável, seria recorrer aos salgadinhos ou
biscoitos recheados, petiscos que costumam contar com gordura trans em
sua receita. “Ela não só faz aumentar o LDL como ainda contribui para
derrubar o HDL”, alerta Ana Maria Lottenberg. Para escapar da
malfeitora, aposte nas castanhas e nas nozes — legítimos depósitos da
gordura monoinsaturada, que faz exatamente o trabalho oposto. “As
oleaginosas ainda são fontes de antioxidantes”, lembra Jorge Mancini.
6. Cereais açucarados por aveia
A
aveia tem fama de ser um dos cereais mais nutritivos do planeta. Por
isso merece um espaço logo no café da manhã — seja na forma de flocos,
seja no mingau. Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina
comprova, mais uma vez, sua capacidade de cortar a gordura que sobra no
sangue. “A aveia é rica em betaglucanas, fibras fermentadas no intestino
e capazes de regular a síntese de colesterol”, explica a autora, Alicia
de Francisco, que também é coordenadora para a América Latina da
Associação Americana de Químicos de Cereais. “Observamos que elas ainda
aumentam o HDL”.
7. Bauru por peito de peru e queijo branco
Calma,
não pretendemos condenar ao ostracismo um lanche tão tradicional como o
bauru. O problema é que ele deixa a desejar se as taxas de colesterol
já rumam aos céus. Basta averiguar seus ingredientes: queijo prato e
presunto, redutos de gordura saturada e colesterol. Que tal substituí-lo
por um sanduba de peito de peru e queijo branco, que é mais esbelto do
que seu congênere? Experimente. Só é preciso ficar atento ao tamanho do
lanche. Ora, uma gigantesca baguete recheada pode fornecer mais calorias
e gorduras do que um bauru de porte modesto.
8. Camarão por peixe
Convenhamos:
frutos do mar não são tão frequentes no prato do brasileiro. Mas vale
ficar atento durante aquela viagem à praia para não se abarrotar de
camarões. Eles encabeçam o ranking marinho de colesterol — são 152
miligramas da gordura em uma porção de 100 gramas. Ou seja, quase o
triplo do que é oferecido pela mesma quantidade de um peixe gordo como o
salmão. Esse pescado se sai melhor também por outro motivo: ele é
carregado de ômega-3. E uma nova pesquisa da Universidade Columbia, nos
Estados Unidos, revela: o ômega diminui a captação de LDL pela parede
das artérias, prevenindo as placas.
9. Picanha por lombo
O
porco não é mais gordo que o boi nem o boi é mais gordo que o porco.
Tudo é uma questão de corte. Há peças bovinas com menos gordura
saturada, caso da alcatra e do filé mignon, e há aquelas parrudas, como a
picanha e o cupim. O mesmo raciocínio se aplica à carne suína: o lombo é
mais magro que o pernil. Mas saiba que há medidas para retalhar o
possível malefício de qualquer corte rechonchudo. “Limpe a peça antes de
cozinhá-la, retirando toda gordura aparente”, ensina Ana Maria. Até
porque, apesar de a gente não ver, altas doses do nutriente já estão
emaranhadas na carne.
10. Quindim por compota de frutas
Os
doces costumam ser condenados por carregarem açúcar demais. Quando a
discussão envolve colesterol, porém, o açúcar pesa menos do que outro
ingrediente comum em quindins, brigadeiros e bolos: a gordura. A
manteiga, o creme de leite e outros ingredientes gordurosos que dão
consistência aos quitutes levam consigo ácidos graxos saturados, que
alavancam as taxas de LDL. Não à toa, os especialistas aconselham trocar
esse tipo de sobremesa por opções que, sem perder o sabor adocicado,
são desengorduradas. O melhor exemplo são as compotas de frutas. Só não
vale, é claro, abusar.
11. Suco de laranja pelo de uva
Essa
é para matar a sede e resguardar o peito. É na casca da uva que está um
parceiro do coração, o resveratrol. “Ele atua na redução do colesterol e
tem efeito antioxidante”, diz a bioquímica Tânia Toledo de Oliveira, da
Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Ao impedir que as
partículas de LDL se oxidem, a substância evita indiretamente que elas
grudem na parede do vaso. Ao contrário do que muita gente pensa, o
resveratrol não é exclusivo do vinho. O suco de uva natural e feito na
hora (com casca, por favor!) também o disponibiliza ao organismo.
12. Chá de ervas por chá-mate
Não
é campanha contra a receita da avó, mas as infusões à base de camomila e
afins perdem feio para o mate se o assunto é colesterol. Que o digam
cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina, que avaliaram as
propriedades dessa erva típica do sul do país. “Notamos uma queda de
8,5% nos níveis de LDL em voluntários com taxas normais e uma redução
extra de 13,5% em pessoas que tomavam remédios para abaixar o
colesterol”, conta o farmacêutico Edson Luiz da Silva, que liderou a
pesquisa. A proeza vem das saponinas, moléculas presentes no mate. “Elas
diminuem a absorção do colesterol no intestino, favorecendo sua
excreção pelas fezes”, explica.
13. Cebola branca por cebola roxa
13. Cebola branca por cebola roxa
14. Chocolate ao leite pelo amargo
O doce de cacau se notabilizou como um amigo do sistema circulatório. Mas não é todo chocolate que, de fato, prova sua amizade às nossas artérias. O tipo que merece respeito é o amargo. “Ele possui menos gorduras saturadas que o branco e a versão ao leite”, afirma a nutricionista Vanderlí Marchiori, colaboradora da Associação Paulista de Nutrição. “Sem falar que fornece catequinas, substâncias que ajudam a sequestrar o LDL e impedir sua oxidação”, diz. Mas fique atento ao rótulo: amargo de verdade tem mais de 60% de cacau em sua composição.
15. Sal por ervas e alho
Está em suas mãos uma maneira de preservar os vasos sem deixar a comida ficar insossa: em vez de exagerar no sal, ingrediente que patrocina a hipertensão, use a imaginação e as ervas aromáticas, além de alho. “Ele tem compostos capazes de controlar o colesterol”, exemplifica Vanderlí. E ervas como o orégano e o alecrim merecem ser convidadas à cozinha por causa do seu poder de fogo contra a oxidação, um fenômeno que, você já sabe, não poupa o LDL, tornando-o ainda mais danoso para as artérias. Mas essa ação pode minguar quando os ingredientes são expostos a temperaturas elevadas. Procure acrescentá-los nos minutos finais do cozimento.
16. Frango com pele pelo frango sem pele
Muita gente pensa que basta despir uma coxa de frango assada no prato para se livrar de um boom de colesterol. Ledo engano. “Retirar a pele é, sim, fundamental, mas isso deve ser feito antes de levar a carne ao fogo”, esclarece a nutricionista Cláudia Marcílio, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. “Quando submetidos ao calor, a gordura saturada e o colesterol da pele conseguem se dissolver e penetrar na carne”, justifica Ana Maria. Aí, será tarde…
17. Queijo pelo tofu
A intenção não é jogar mais pedras sobre o parmesão, o provolone e até o minas, mas abrir espaço ao tofu, que é feito de soja. Ele é uma preciosidade porque concentra o que o grão tem de melhor: proteínas e isoflavonas. “A proteína da soja aumenta a atividade de receptores que colocam o LDL para dentro das células e inibe a principal enzima responsável pela produção de colesterol”, explica a nutricionista Nágila Damasceno, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. E as isoflavonas não só potencializam a queda do LDL como evitam sua oxidação.
18. Pipoca de micro-ondas pela de panela
Faz toda a diferença investir um tempo a mais para estourar o milho no fogão. “É uma forma de controlar a quantidade de gordura no preparo, porque no produto de micro-ondas ela já é fixa”, argumenta a doutora em ciência dos alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais. A versão que ganha na praticidade perde pontos porque carrega ácidos graxos saturados e trans. “Na panela, dá para usar um óleo mais saudável, como o de canola”, diz Cristina. Daí, você aproveita as fibras do milho, deixando seu colesterol em paz.
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