Nosso companheiro rotariano Luiz
Freitag, médico geriatra, com especialização na Faculdade de Medicina de Harvard
(EUA), foi o palestrante convidado para reunião almoço no Rotary Club de São Paulo. Aqui vai um
resumo sintético da palestra, proferida com a competência científica de um
dedicado estudioso. O tema escolhido, muito oportuno, prendeu a atenção dos
presentes. Inicialmente citou uma frase de um poeta francês que viveu no século
XIX - "Quem abusa de qualquer líquido não se mantém sólido por muito tempo".
Este foi o mote da minha palestra, cujo resumo segue.
Desde a antiguidade o
homem sabia que o vinho era um remédio para o coração. Se não era conhecido para
as enfermidades cardíacas, com certeza era para as dores da alma. Isso está
expresso em inúmeros poemas registrados pela literatura. Omar Kayan, poeta persa
que morreu em 1.123, provavelmente autor do maior número de poemas relativos ao
vinho, escreveu - "Vinho, eis o remédio que carece o meu coração doente. Vinho
com perfume, almiscarado, vinho cor-de-rosa". Entretanto, essa relação vinho e
coração só começou a ter maior importância quando em 1991, um programa da
televisão americana da rede CBS abordou em detalhes o "paradoxo francês".
Tratava de estudos realizados na Europa e nos EUA, cujos resultados evidenciavam
uma inconsistência entre o estilo de vida e a incidência de doenças
cardiovasculares na França. Em outras palavras, praticavam uma dieta diária rica
em gorduras (manteiga, queijos, ovos) e poucos exercícios físicos. Ainda assim,
os franceses tinham uma incidência de doenças cardíacas 40% menor que os
americanos. O paradoxo, isto é, essa incompatibilidade existente entre uma dieta
rica em gorduras e o baixo índice de doenças cardíacas, devia-se ao hábito dos
franceses de ingerirem vinho diariamente durante as refeições. Aparentemente,
haveria uma proteção cardiovascular. A partir dessa observação do paradoxo
francês, mais de treze mil trabalhos foram publicados na literatura científica
mundial, mostrando que o vinho tem as mais variadas virtudes terapêuticas. Vinho
produzido a partir de uvas vermelhas escuras e roxas e não de
brancas.
Continuando, o
palestrante se referiu a vários estudos a respeito dos efeitos protetores do
vinho que são atribuídos a flavonóides nele contidos que possuem propriedades
antioxidantes, vasodilatadoras e antiagregantes. Falou que a ingestão moderada
do vinho também pode ser associada aos níveis de exercícios físicos, aumentando
12% do HDL, o bom colesterol. A seguir falou sobre o resveratrol contido no
vinho e no suco de uva. Disse que essa substância é altamente benéfica e capaz
até de
inibir as fases de iniciação de um tumor. O suco de uva deve ser ingerido o
dobro do que se tomaria em vinho. O suco deve ser natural, sem açúcar, integral,
sem conservantes químicos, não ingerido juntamente com outro alimento, em
pequenas doses, para que se tenha uma sobrevida melhor. A dose ideal de vinho é
de 127 ml, contida em pequenas garrafas à venda, ou 2/3 do copo para vinho
tinto.
A seguir falou a
respeito dos danos à saúde provocados pelo excesso do consumo de vinho e outras
bebidas alcoólicas, que pode provocar câncer na laringe, faringe, esôfago,
fígado e outros órgãos. Citou trabalhos e estudos feitos em 2009 pelo Instituto
Nacional do Câncer, da França, e da Universidade da Califórnia, EUA. Citou mais
um estudo feito pela Universidade de Harvard, EUA, e da Universidade de Atenas,
publicado no British Medical Journal, onde por 8 anos, 23.349 pacientes, homens
e mulheres, sem nenhuma doença prévia consumiram uma dieta mediterrânea muito
conhecida e comum na Grécia. Nesse estudo ficou comprovado que o vinho foi um
auxiliar efetivo na redução de doenças
cardiovasculares.
Disse ainda, que o
estilo de vida é um fator de grande importância para se manter a boa saúde. Além
do vinho, é necessário que as pessoas pratiquem exercício físico, como uma
caminhada de 30 minutos. São fatores importantes - Não fumar. Tratar diabetes
existentes. Saber conviver com stress. Rir à vontade. O riso faz muito bem ao
organismo. Manter amigos, como a gente mantém aqui no Rotary, e também descobrir
atividades para o lazer. Se o indivíduo for aposentado, procurar uma ocupação
para manter o cérebro ativo e a memória em dia. Ao terminar enfatizou - o vinho
é bom, dependendo da quantidade que se tome.
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