07 novembro 2010

Escutatório

Rubem Alves, lá "das Gerais" escreveu um ensaio muito interessante sobre a arte de ouvir. Lí e fiquei sensibilizado com a riqueza de conteúdo apresentado. Sugiro a leitura. O texto completo segue abaixo.

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.

Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)

06 novembro 2010

Os picaretas continuam soltos

Novo golpe está na praça. Este denunciado por um dirigente do Detran e que está minuciosamente detalhado no blog do José Richard. Vale a pena dar uma conferida, pois todo cuidado é pouco. Veja aqui.

05 novembro 2010

Nova subida da serra de Petrópolis

A CONCER, concessionária da BR-040 apresenta, em vídeo, o novo traçado para a subida da serra de Petrópolis, visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
No projeto exite a preocupação com a preservação ambiental, a redução da emissão de gás carbônico e a construção do maior túnel urbano do mundo.
Veja o vídeo e aguarde o início das obras.

Os 10 Mandamentos para o novo milênio

Autor de ‘Os 10 Mandamentos para o novo milênio’, Kent M. Keith é bacharel em Humanidades pela Universidade de Harvard e mestre em Filosofia e Política pela Universidade de Oxford.
Veja o que ele diz:
1 – As pessoas são ilógicas, irracionais e egocêntricas. Ame-as, apesar de tudo.
2 – Se você fizer o bem, as pessoas o acusarão de ter motivos egoístas ocultos. Faça o bem, apesar de tudo.
3 – Se você tiver sucesso, ganhará falsos amigos e inimigos verdadeiros. Busque o sucesso apesar de tudo.
4 – O bem que você faz hoje será esquecido amanhã. Faça o bem, apesar de tudo.
5 – A honestidade e a franqueza o tornarão vulnerável. Seja honesto e franco, apesar de tudo.
6 – Os maiores homens e mulheres com as maiores idéias podem ser eliminados pelos menores homens e mulheres com mentes mais estreitas.
7 – As pessoas favorecem os oprimidos, mas seguem somente os bem-sucedidos. Lute pelos oprimidos, apesar de tudo.
8 – Aquilo que você passa anos construindo poderá ser destruído da noite para o dia. Construa, apesar de tudo.
9 – As pessoas realmente precisam de ajuda, mas poderão voltar-se contra si, se você as ajudar. Ajude as pessoas, apesar de tudo.
10 – Dê ao mundo o melhor de você e haverá pessoas que te desejarão o mal. Dê ao mundo o melhor de você, apesar de tudo.

Lojas Americanas - Lucro dispara

Uma das empresas mais comentadas ultimamente pelos analistas técnicos, as Lojas Americanas postou lucros extraordinários agora pela manhã. Com alta de 470% nos resultados do terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, as ações preferenciais da empresa rumam agora para testar o topo histórico de R$ 20,50 atingido há quase exatos três anos. Segundo os analistas este topo é importantíssimo para o papel e deverá marcar uma forte resistência a continuidade dos preços. Mas uma vez ultrapassada a máxima, os analistas afirmam que o céu é o limite.

Fonte: ADVFN.

04 novembro 2010

13º salário? Pense e reflita!

Veja que interessante. A matemática apronta cada uma! Os políticos e assessores são realmente inteligentes e só nos pregam peças. Veja mais essa.
Os Ingleses recebem os ordenados por semana e claro, administrativamente não deixam de receber uma semana por ano!
Cá está um exemplo aritmético simples que não exige altos conhecimentos de matemática, mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa. É esta que constroi mitos paternalistas e abençoados que a malta mais pobre, estupidamente atenta e obrigada, come sem pensar! Uma forma de desmascarar os brilhantes neo-liberais e os seus técnicos (lacaios) que recebem pensões de ouro para nos enganar com as suas brilhantes teorias...
Fala-se que o governo pode vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º mês. Se o fizerem, é uma roubalheira sobre outra roubalheira. Perguntarão o porquê.
Respondo: Porque o 13º mês não existe.
O 13º mês é uma das mais escandalosas de todas as mentiras do sistema capitalista, e é justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam. Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar os trabalhadores.
Suponhamos que você ganha € 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de € 8.400,00 por um ano de doze meses.
€ 700*12 = € 8.400,00
Em Dezembro, o generoso patrão cristão manda então pagar-lhe o conhecido 13º mês.
€ 8.400,00 + 13º mês = € 9.100,00
€ 8.400,00 (Salário anual) + € 700,00 (13º mês) = € 9.100 (Salário anual mais o 13º mês)
O trabalhador vai para casa todo feliz com o patrão.
Agora veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a fazer umas simples contas que aprendeu no 1º Ciclo:
Se o trabalhador recebe € 700,00 mês e o mês tem quatro semanas, significa que ganha por semana € 175,00.
€ 700,00 (Salário mensal)/4 (semanas do mês) = € 175,00 (Salário semanal)
O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos € 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será € 9.100,00.
€ 700,00 (Salário semanal) * 52 (número de semanas anuais) = € 9.100.00
O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º mês.
Surpresa, surpresa ? Onde está portanto o 13º Mês?
A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes nunca se tenham dado conta desse fato simples.
A resposta é que o patrão lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda assim, apesar de cinco semanas o patrão só paga quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas.
No final do ano o generoso patrão presenteia o trabalhador com um 13º mês, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.
Se o governo retirar o 13º mês aos trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.
Daí que, como palavra final para os trabalhadores inteligentes. Não existe nenhum 13º mês.
O patrão apenas devolve o que sorrateiramente lhe surrupiou do salário anual.
Conclusão: Os trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.

Pequenas empresas, grandes negócios

Não é apenas o título de um programa da televisão brasileira. Garimpando bem, entre as ações negociadas na Bovespa pode-se encontrar verdadeiras jóias. É preciso cuidado e critério nas avaliações.
Não só a análise técnica deve ser levada em conta, mas tambéma o aspecto operacional, o comportamento do segmento onde a empresa atua e o desempenho econômico-financeiro.
Algumas dessas preciosidades estão listadas em matéria preparada pela equipe da InfoMoney e publicada ontem no site da instituição.
Veja a matéria completa aqui.

03 novembro 2010

Celular via satélite - solução viável e acessível para regiões rurais

A Inmarsat apresentou esta semana, em São Paulo, o seu primeiro celular via satélite, o ISatPhone Pro. Com a ideia de atender países com grande área geográfica e espaços com pouca densidade populacional a preços atrativos, a empresa conseguiu desenvolver um aparelho robusto, capaz de operar de -20°C até +55°C (a maior faixa de temperatura para qualquer telefone por satélite), cobrando cerca de 1 dólar por minuto - tarifa relativamente baixa para esse tipo de comunicação.
Leia mais aqui.

02 novembro 2010

Recomendações Brascan para novembro

A Brascan divulgou sua carteira recomendada para o mês de novembro. Na avaliação das perspectivas das empresas de maior peso na carteira de novembro, os destaques são as ações da Vale (VALE5) e do Pão de Açúcar.
Sobre o setor de mineração, o resultado do terceiro trimestre da Vale reforçou as impressões positivas dos analistas para a companhia. A força do mercado de minério de ferro, que apresentou geração de caixa maior em 59% comparado com o trimestre anterior, além da recuperação de 5,4 pontos percentuais na margem Ebit.
Leia mais aqui.

01 novembro 2010

Neuroplasticidade

Veja abaixo informações divulgadas pelo Dr. Elkhonon Goldberg, Neurologista da Universidade de New York, Diretor do Instituto de Neuropsicología e Funcionamento Cognitivo sobre nosso cérebro, suas funções e atividades.
Sabia que o cérebro melhora com a idade?
As últimas investigações científicas demonstram que a atividade mental modifica o cérebro e nos conduz ao que conhecemos como “SABEDORIA”. Estes últimos descobrimentos se inserem no que se denomina NEUROPLASTICIDADE.
Durante muitos anos se acreditou que, a partir de certa idade, o número de neurônios não se renovava mais.
As últimas investigações da neurociência demonstram que o cérebro pode se regenerar mediante seu uso e potenciação. A chave para alcançar o sucesso se chama: “NEUROPLASTICIDADE” que é moldar a mente, o cérebro, através da atividade.
O cérebro muda de forma, segundo as áreas que mais utilizamos, segundo a atividade mental.
Em março de 2000, investigadores da Universidade de Londres descobriram que os taxistas dessa cidade tinham uma parte do cérebro, o Hipocampo - região importante para a memória espacial -, particularmente desenvolvida, muito mais que o resto das pessoas. Os taxistas desenvolviam mais essa zona porque a exercitavam mais, memorizando a cada dia ruas e caminhos. Nesses homens e mulheres, sua capacidade para memorizar ruas e caminhos não diminuía, mas aumentava com o passar dos anos.
Em 2002 cientistas alemães descobriram a mesma coisa na Circunvolução de Heschl dos músicos, área do córtex cerebral importante para processar a música.
Em 2004 os mesmos resultados teve o Instituto de Neurología de Londres, na circunvolução angular esquerda, estrutura cerebral importante para a linguagem, no cérebro das pessoas bilíngües.
Destas experiências se puderam obter os seguintes resultados:
- Nós seres humanos podemos criar novos neurônios ao longo de toda a vida.
- O esforço para criarmos novos neurônios pode aumentar mediante o esforço mental.
- Os efeitos são específicos: dependendo da natureza da atividade mental, os novos neurônios se multiplicam com especial intensidade em diversas zonas cerebrais.
Os novos neurônios vão ficar nas zonas do cérebro que mais usamos. Isto se denomina “neuroplasticiadade”: a atividade pode moldar a mente. Isto demonstra a importância de se manter uma atividade mental intensa, conforme envelhecemos.
O exercício físico protege nossa saúde cardiovascular. O exercício cognitivo protege nossa saúde cerebral, é fator de proteção contra demência e senilidade.
O moderno estudo da neuroplasticidade demonstra que os cérebros das pessoas mais velhas não degeneram, mas têm uma evolução particular, de acordo com a atividade realizada, o que torna essas pessoas “sábias” quando chega a velhice.
O cérebro muda de forma segundo as áreas que mais utilizamos.
Nas pessoas, à medida que envelhecem, se dá naturalmente uma deterioração maior no hemisfério direito que no esquerdo. Isto ocorre porque usam mais o hemisfério esquerdo, que é o encarregado de colocar em marcha tarefas já aprendidas e consolidadas. Para aprender algo, necessitamos mais do hemisfério direitoo, mas quando alcançamos certo nível de perícia, essas atividades passam a ser controladas pelo hemisfério esquerdo.
Ao longo da vida, acumulamos um repertório de destrezas cognitivas - habilidades e capacidade para reconhecer padrões - que nos permitem abordar novas situações com familiaridade. É o que popularmente chamamos “EXPERIÊNCIA”. À medida que envelhecemos, nossa atividade mental está mais dominada por essas “rotinas cognitivas”, pelo “piloto automático”.
Isto não é ruim, pois permite resolver problemas complexos mediante o "reconhecimento instantâneo” de padrões, sem muito esforço, problemas que podem representar um verdadeiro desafio para uma mente mais jovem.
Porém, a estimulação cognitiva, que obriga a utilizar o hemisfério direito, é um ingrediente no estilo de vida que ajuda a evitar a deterioração do cérebro.
A corrente científica dominante respalda a afirmação de que a vida mental intensa desempenha um papel essencial no bem-estar cognitivo, nas etapas avançadas da vida.
Que tal a idéia de incluir o exercício cognitivo de forma regular, como um traço do nosso estilo de vida? Sería extraordinário se nossa incipiente compreensão da função da neuroplasticidade na conservação da saúde mental desse lugar ao aparecimento de um novo fenômeno de massa: O FITNESS MENTAL!