sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Gostamos de sofrer?

Terminei a leitura do livro "O Efeito Sombra", ecrito por Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson. Achei-o muito interessante e desafiador no sentido de que precisamos cada vez mais entender o porque de nossos sofrimentos, angústias, desejos e muitas outras neuras que nos assaltam a cada dia.
De todos os pontos abordados e densamente explorados, chamou-me atenção algo escrito em uma das primeiras páginas do livro, escrita por Debbie Ford, cujo trecho apresento abaixo.
Não vou dizer que o livro será um best-seller; pode até sê-lo em breve. O mais importante é o entendimento do que representa o comportamento de cada um de nós no mundo. Efeito Sombra, ou como rotulemos nossos comportamentos, acredito que pouco importa. Em minha concepção, o que mais importa é nos darmos conta de como as coisas acontecem, ou poderão acontecer em nossas vidas, e saber como tratá-las, encará-las. Neuras? Quem não as tem? Saibamos administrá-las de forma a nos trazer mais conforto, sem sofrimentos desnecessários.
Aqui vai o trecho ao qual me referi acima.
Quando o psicólogo suíço Carl Jung pressupôs o arquétipo da sombra, disse que ela cria uma névoa de ilusão que cerca o self. Encurralados nessa névoa, lançamo-nos à própria escuridão e, consequentemente, damos à sombra cada vez mais poder sobre nós. Não é nenhum segredo que a abordagem de Jung aos arquétipos rapidamente se torna muito intelectual e complicada. Mas o poder teimoso da sombra nada tem de complexo. Ao parar para um intervalo na escrita deste parágrafo, liguei a televisão. O famoso bilionário Warren Buffett estava sendo entrevistado sobre os estrondos do ciclo econômico.
— O senhor acha que haverá outra explosão que leve a uma grande recessão? — perguntou o entrevistador.
— Posso garantir que sim — respondeu Buffett.
O entrevistador sacudiu a cabeça.
— Por que não conseguimos aprender as lições da última recessão? Veja aonde a ganância nos levou.
Buffett deu um sorrisinho misterioso.
— A ganância é divertida por um tempo. As pessoas não conseguem resistir a ela. No entanto, por mais que os seres humanos tenham evoluído, não crescemos nada emocionalmente. Continuamos os mesmos.
Em forma encapsulada, aí está a sombra e o problema que ela apresenta. Sob a névoa da ilusão, não vemos nossos piores impulsos autodestrutivos. Eles são irresistíveis, até divertidos.

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