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22 dezembro 2024

Como um padre criou a canção de Natal mais amada de todos os tempos

Apesar de na língua portuguesa conhecermos a canção como “Noite Feliz”, a letra original diz “Noite silenciosa”.
Faz pouco mais de 200 anos desde que a melodia de uma das mais queridas músicas de Natal de todos os tempos foi escrita. Noite Feliz surgiu de forma inesperada, mas inteligente. Tudo por causa de um órgão que não estava funcionando direito!
Em 23 de dezembro de 1818, o Pe. Joseph Mohr, vigário da Igreja Católica de São Nicolau em Oberndorf, Áustria, assistiu a uma peça de Natal feita por um grupo de atores locais.
A performance deveria acontecer na igreja, mas foi transferida para a casa de outra pessoa porque o órgão da igreja não estava funcionando.
Depois da apresentação, Pe. Mohr voltou para casa contemplando o relato bíblico da história do nascimento de Jesus. Dessa vez, ele pegou uma rota alternativa, chegando ao topo de uma colina com vista para sua aldeia coberta de neve.
A serena vista da aldeia o fez lembrar de um poema que ele havia escrito dois anos antes sobre o Menino Jesus. Conta-se que isso o inspirou a transformar o poema em música, pensando que poderia virar uma boa canção para seus fiéis na véspera de Natal.
Então ele foi até o organista da paróquia, Franz Xaver Gruber. Como o órgão não estava funcionando, o poema precisou ser composto para o violão. Gruber criou a melodia em algumas horas e eles a cantaram pela primeira vez em 24 de dezembro de 1818 na Igreja Católica de São Nicolau.
Após consertar o órgão, algumas semanas depois, Karl Mauracher, um conhecido construtor de órgãos, pediu a Gruber para testá-lo. Ele tocou Noite Feliz, e Mauracher gostou tanto que a levou à sua aldeia de Kapfing.
Como resultado, os Rainers e os Strassers, que eram conhecidos cantores de família na época, ouviram a música e também amaram. Eles a adicionaram às suas apresentações de Natal, e ela foi se espalhando por toda a Europa.
Em 1834, as Irmãs Strasser tocaram a música para o rei Frederico William IV da Prússia, que então pediu que fosse tocada todos os anos pelo coro da Catedral na véspera de Natal.
Noite silenciosa
Apesar de na língua portuguesa conhecermos a canção como “Noite Feliz”, a letra original diz “Noite silenciosa”.
Pelo fato da nosssa versão ser um pouco diferente da criada pelo Pe. Mohr, aqui te apresentamos uma tradução mais literal que se aproxima do seu poema original.
Noite silenciosa, noite santa
Tudo dorme, os únicos acordados são
O venerável e santo Casal
Um Menino de cabelos encaracolados
Dorme em uma tranquilidade celestial.
Noite silenciosa, noite santa
Aos pastores foi feito o primeiro anúncio
Pelos Anjos. Aleluia,
Que foi ouvida em toda parte
Cristo, o Salvador, está aqui!
Cristo Salvador está aqui!
Noite silenciosa, santa noite
Filho de Deus, que sorriso
Brota dos Seus lábios divinos
Marcando a hora da nossa salvação,
Ó Cristo, no dia do teu nascimento!
Ó Cristo, no dia do teu nascimento!
Você conhecia esta história?
Fonte: pt.churchpop.com .

26 dezembro 2017

As diferentes formas de celebrar o Natal nos cinco continentes

A comemoração do nascimento de Jesus é uma festa mundial.
O Natal é um período muito mais longo do que os dois dias em que se concentram todas as reuniões e refeições familiares. De fato, na tradição cristã que comemora o nascimento de Jesus, o Advento e o Natal somam entre 21 e 28 dias antes de 25 de dezembro, e depois até o domingo seguinte à festa da Epifania (6 de janeiro). Mas, além da tradição e da religião, a publicidade e o marketing já se encarregam todos os anos de antecipar uma época consumista no mesmo instante em que as fantasias do Halloween são guardadas para o ano seguinte.
É por isso que também consideramos Natal os preparativos de montar a árvore e o presépio, fazer compras natalinas, as comemorações escolares, logicamente a loteria de fim de ano, as canções natalinas, as festividades do Dia de Reis, os almoços e jantares da empresa, o 13º salário, as reuniões familiares, a cesta de Natal, comer uvas e romã e, claro, todos os cartões com votos de Boas Festas a torto e a direito.
No entanto, o Natal não é celebrado apenas dessa maneira, e se expandiu tornando-se uma festa mundial na qual cada país, mesmo aqueles distantes da tradição cristã, traz suas conotações, tradições, cores e até sabores para uni-la à virada de ano.
Para as populações dos países ao norte, é difícil imaginar um Natal sem frio e com Papai Noel de sunga, sem árvore de Natal ou sem os Reis Magos, mas é assim que a data é comemorada em muitos países. Por exemplo, no hemisfério sul, o Natal coincide com o início da temporada de verão e, em cada país, esta época do ano tem suas peculiaridades.
No México, os dias mais importantes são de 16 a 24 de dezembro, datas em que todas as noites são realizadas as famosas Posadas, com as quais se comemora a peregrinação de José e Maria a Belém em busca de alojamento para o nascimento de Jesus. Esta comemoração também é realizada em outros países da América Central, nos quais grupos de crianças vão de casa em casa cantando as posadas, um tipo de canções natalinas. A festa termina com uma grande piñata(brincadeira feita com um recipiente cheio de doces coberto por papel crepom) para as crianças enquanto os adultos comem nozes, pinhões, amendoim e doces.
No Chile, o Natal chega quando o ano letivo termina. Lá, os presentes de Natal são entregues pelo Viejo Pascuero (no Chile, os termos natalinos têm em sua raiz a palavra Pascua = Páscoa), equivalente ao famoso Papai Noel, e as crianças também aguardam a chegada de 6 de janeiro, o dia conhecido como Páscoa dos Negros.
No Peru, durante o último dia do ano, as lojas ficam abertas até tarde da noite para facilitar as compras de presentes e roupa interior amarela como símbolo de boa sorte.
Na Venezuela, tal é a importância do Natal que, em 2015, o presidente Nicolás Maduro decretou a antecipação da comemoração a partir de 1º de novembro "porque queremos a felicidade para todas as pessoas, e o Natal antecipado é a melhor vacina para qualquer um que queira inventar tumultos e violência".
Na África, o Natal também é acompanhado de temperaturas muito altas e, em muitos países costeiros, é celebrado inclusive na praia. Na Libéria, a maioria das casas tem uma palmeira como árvore de Natal, que são decoradas com sinos. O jantar festivo é feito ao ar livre, todos sentados em círculo para compartilhar a refeição de arroz, carne e biscoitos. Há jogos para os pequenos e fogos de artifício nas grandes cidades.
Na Etiópia, onde vivem mais de 90 milhões de pessoas, o Natal é comemorado porque a maioria da população é católica. No entanto, a festa é mais austera, sem presentes para as crianças e, em muitos casos, os idosos fazem jejum.
A Igreja Copta Ortodoxa, no Egito, reúne na véspera de Natal todos os seus fiéis muito elegantes e com roupas novas para um ato religioso que termina à meia-noite, antes de retornarem às suas casas para jantar a fata, o prato mais popular que consiste em um ensopado com pão, arroz, alho e carne fervida. Muitos egípcios também decoram seus carros com folhas de palmeira.
Os judeus, por outro lado, celebram nessa época o Hanukkah, a purificação do templo de Jerusalém no ano 165 a.C. Há muitas semelhanças entre o Natal hebreu e o cristão, uma vez que ambos têm caráter familiar, presentes para as crianças, símbolos da comemoração em lugares visíveis e a importância dada ao elemento da luz.
Na Ásia, apesar de os cristãos serem minoria, o período natalino se une à celebração do fim de ano. No Japão, por exemplo, em dezembro toda a população se apressa para liquidar suas dívidas e limpar suas casas como símbolo da mudança de ano. O dia 24 de dezembro não é uma celebração familiar porque coincide com o Dia dos Namorados. Em 31 de dezembro, no entanto, os japoneses comemoram o Omisoka, o grande dia do fim do ano. Nesse dia, fazem uma limpeza especial da casa antes de provar com toda a família as tradicionais tigelas de macarrão, símbolo de longevidade. Os sinos dos templos das cidades tocam 108 vezes e, assim, acredita-se que cada pessoa poderá se livrar da mesma quantidade de problemas. Então, todos começam a rir para afugentar os maus espíritos.
Na Índia, 25 de dezembro é um feriado nacional, mas o início do ano é comemorado de acordo com o calendário hindu, entre março e abril, com multidões que se banham no rio Ganges ou em poços e lagoas consideradas sagrados. A festividade hindu com uma estética mais próxima do Natal, exceto pela diferença religiosa, é o Diwali.
Nessa comemoração, Lakshimi, deusa da riqueza e da prosperidade, é adorada, e presentes são trocados em reuniões familiares onde também se jogam cartas.
Em nossas antípodas, na Austrália, o Natal não está coberto de neve, muito pelo contrário. Amigos e familiares geralmente se reúnem na praia no dia de Natal, e é tradição ver os fogos de artifício na baía de Sydney. Os presentes são trazidos pelo Papai Noel, mas seu trenó é conduzido pelos Six White Boomers (os seis cangurus brancos).
Na Europa, as tradições natalinas também variam de acordo com o país. Dois exemplos disso são a Noruega e a Rússia. Na Noruega, o Natal está associado à luz de velas e ao fogo em um canto da casa. No dia 13 de dezembro, dia de Santa Lucia, começam os atos pré-natalinos e, nessa mesma noite, os animais domésticos desfrutam do primeiro jantar especial de Natal. Depois, a árvore é iluminada e as crianças aguardam a chegada de Julenisse, o duende natalino que, na véspera de Natal, se transforma em Papai Noel.
Na Rússia, as festividades seguem o calendário ortodoxo e, por essa razão, as comemorações ocorrem alguns dias depois. Nos lares russos, o jantar da véspera de Natal é composto por 12 pratos, um para cada apóstolo. No dia de Ano Novo, as crianças russas recebem a visita do Avô de Gelo, também conhecido como Maroz, que, como Papai Noel, também tem barba branca, usa roupas vermelhas largas e botas pretas. Viaja acompanhado por uma assistente, a Menina de Neve, e apenas as crianças ganham brinquedos, bolos de gengibre e matrioskas, as tradicionais bonecas que contêm outras menores em seu interior.
Agora que a tecnologia nos permite conhecer o mundo com o toque da tela do celular e que viajar também faz parte do Natal, a oferta para viver e comemorar essa época tão tradicional em nosso calendário é tão diversificada quanto atraente. Como em muitas outras situações, a variedade é o tempero da vida...

Fonte: El País, por Alberto López