Ele é nome de um bairro e de um morro na zona sul do Rio de Janeiro. Mas, afinal, quem foi o tal Vidigal?
Miguel Nunes Vidigal nasceu em Angra dos Reis em 1745, foi o primeiro brasileiro nato a ser um dos comandantes de forças militares no recém-formado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves quando da chegada da família real portuguesa no ano de 1808 à cidade do Rio de Janeiro.
Vidigal era considerado um perseguidor implacável dos candomblés, das rodas de samba e especialmente dos capoeiras, “para quem reservava um 'tratamento especial', uma espécie de surras e torturas a que chamava de "Ceia dos Camarões".
Também tinha pavor de “vadios” em geral, especialmente os ciganos.
O escritor Manuel Antônio de Almeida, ao escrever o clássico livro "Memórias de um Sargento de Milícias" assim fala sobre ele: "O Major Vidigal, que principia aparecendo em 1809, foi durante muitos anos, mais que o chefe, o dono da Polícia colonial (...). Habilíssimo nas diligências, perverso e ditatorial nos castigos, era o horror das classes desprotegidas do Rio de Janeiro". Noutro trecho da obra, o descreve da seguinte forma: "Era Vidigal um homem alto não muito gordo, com ares de moleirão. Tinha o olhar sempre baixo, os movimentos lentos, a voz descansada e adocicada. Apesar desse aspecto de mansidão, não se encontraria, por certo, homem mais apto para o cargo..."
Alfredo Pujol lembra uma quadrinha que corria sobre ele no murmúrio do povo:
Avistei o Vidigal.
Fiquei sem sangue;
Se não sou tão ligeiro
O quati me lambe.
Da época em que o mesmo ainda comandava as forças policiais militares na corte, Artur Azevedo escreveu sobre ele esses versos satíricos:
Naquele tempo, Vidigal famoso,
Mais rancoroso
Do que um bicho mau,
Tinha jurado aos deuses prender-me
Para meter-me
Na polícia o pau.
O “patrono” do famoso Morro do Vidigal morreu em 10 de julho de 1843 na cidade do Rio de Janeiro, com 98 anos de idade, sendo sepultado nas catacumbas da igreja de São Francisco de Paula.
O morro tem seu nome por conta dessas terras terem sido doadas ao major.
Crédito: A História Esquecida.