sexta-feira, 9 de maio de 2008

O “Oremus et pro Iudaeis” e as relações fraternas entre católicos e judeus

Após a publicação do novo Oremus et pro Iudaeis para a edição do Missale Romanum de 1962, alguns âmbitos do mundo judaico lamentaram-se ao considerar que tal texto não estaria em harmonia com as declarações e os pronunciamentos oficiais da Santa Sé relativos ao povo judeu e a sua fé, que marcaram o progresso nas relações de amizade entre Judeus e a Igreja Católica nestes 40 anos. A Santa Sé garante que a nova formulação do Oremus, com a qual foram modificadas algumas expressões do Missale de 1962, não pretendeu, de modo absoluto, manifestar uma mudança na atitude que a Igreja Católica desenvolveu em relação aos Judeus, sobretudo a partir da doutrina do Concilio Vaticano II, em particular na Declaração Nostra Aetate a qual, segundo as palavras pronunciadas pelo Papa Bento XVI exatamente na audiência aos rabinos-chefes de Israel, em 2005, representou “uma pedra miliar sobre a via de reconciliação dos cristãos com o povo judeu”. A permanência da atitude presente na Declaração Nostra Aetate é evidenciada também pelo fato de que o Oremus para os Judeus, contido no Missale Romano de 1970, está em pleno vigor e é a forma comum da oração dos Católicos.
Nostra Aetate rejeita qualquer comportamento de desprezo e de discriminação para com os judeus, repudiando com firmeza qualquer forma de anti-semitismo.
O documento conciliar, no contexto de outras afirmações - sobre as Sagradas Escrituras (Dei Verbum, 14) e sobre a igreja (Lumen gentium, 16) - expõe os princípios fundamentais que sustentaram a apoiaram inclusive hoje as relações fraternas de estima, de diálogo, de amor, de solidariedade e de colaboração entre católicos e judeus. Justamente ao perscrutar o mistério da Igreja, a Nostra Aetate recorda o vínculo muito especial com o qual o Povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à estirpe de Abraão e rejeita qualquer comportamento de desprezo e de discriminação para com os judeus, repudiando com firmeza qualquer forma de anti-semitismo. A Santa Sé deseja que as explicações contidas no presente comunicado contribuam para esclarecer os mal-entendidos, e confirma o sólido desejo de que os progressos verificados na recíproca compreensão e estima entre judeus e cristãos durante estes anos cresçam ulteriormente.

Comunicado da Secretária de Estado do Vaticano, publicado no L’Osservatore Romano - Colaboração de Marilia Levi Freidenson, co-presidente do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica de São Paulo.

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